São Paulo, sábado, 22 de dezembro de 2007

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Holding do banco suíço UBS passa a controlar a grife Ellus

Grupo financeiro dividirá comando com o estilista Nelson Alvarenga, criador da marca

Nova holding quer anunciar durante a São Paulo Fashion Week, em janeiro, a compra de outras marcas; setor passa por onda de aquisições

Sidnei Lopes/Folha Imagem
O empresário e estilista Nelson Alvarenga, criador da marca Ellus, durante festa de despedida aos funcionários ontem em SP


ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA

A Ellus, uma das grifes mais bem-sucedidas da moda brasileira, deixa de ser dirigida única e exclusivamente pelo empresário Nelson Alvarenga, que fundou a marca há 35 anos, e passa também a ser controlada pelo banco suíço UBS -que adquiriu recentemente o Banco Pactual no Brasil.
Alvarenga e o UBS formaram a holding In Brands, que vai controlar a Ellus e pretende formar um conglomerado de marcas no país. Para formar a holding, a Ellus entrou com todos os seus ativos, e o UBS investiu 50% do valor da marca em capital.
Alvarenga será o presidente do conselho da Ellus, que, por enquanto, será controlada por um colegiado. Ele também fará parte do conselho da In Brands, do qual é sócio, com 50%.
Ontem, o estilista se despediu de seus funcionários com uma festa nas instalações da Ellus no bairro de Santo Amaro, em São Paulo. "Eles compraram o meu passe. Juntos vamos inaugurar uma nova etapa da moda brasileira", disse Alvarenga à Folha, em seu escritório.
A In Brands já está negociando a compra de outras grifes brasileiras. As primeiras aquisições serão anunciadas durante a São Paulo Fashion Week (SPFW), que acontece entre 16 e 21 de janeiro. A Ellus não confirma, mas entre elas deverá estar a marca Isabela Capeto.

"Fundo de quintal"
A Ellus foi criada em 1972, "fazendo camisetas num fundo de quintal", conta Alvarenga.
Hoje tem 60 lojas exclusivas e vende para 800 multimarcas. Seu faturamento em 2007 deve chegar a R$ 200 milhões.
Segundo Alvarenga, 58, foram motivos estritamente pessoais que o levaram a negociar com o UBS. "Foi uma opção de vida. Trabalho desde muito jovem, quero resgatar o que não pude fazer ainda, como ler a pilha de livros que está na cabeceira da minha cama", afirma.
Ele deverá ir aos escritórios da Ellus apenas duas vezes por semana. A estilista Adriana Bozon, mulher de Alvarenga, continuará como diretora de criação da grife.
As mudanças na Ellus não são um caso isolado. Recentemente, a HLDC Investimentos, dos empresários Enzo Monzani e Conrado Will, adquiriu a Zoomp e a Zapping. A HLDC também planeja anunciar novas aquisições durante a SPFW. A grife Fause Haten já teria sido adquirida.
Também neste ano a Artesia Gestão de Recursos, dos empresários Marcio Camargo e Marcelo Faria de Lima, que atuaram no Banco Garantia, adquiriu 51% da grife de roupas Le Lis Blanc. O fundo de investimento Tarpon All Equities comprou 25% da Arezzo S/A, dono da conhecida marca de calçados.
"É um momento revolucionário da moda brasileira. Vamos botar um pouco da cabeça de Wall Street nesse negócio. Vamos profissionalizar as grifes", diz Alvarenga. O interesse de grupos financeiros pela aquisição de grifes faz parte de uma nova e revolucionária etapa econômica da moda brasileira. O mesmo aconteceu com as grifes européias nos anos 90, que passaram de negócios muitas vezes familiares para as mãos de grandes conglomerados, como a PPR (Pinault-Printemps-Redoute) -dona da Gucci, da Yves Saint Laurent, da Balenciaga e outras- e a LVMH Moet Hennessy Louis Vuitton -proprietária de Louis Vuitton, Kenzo e Givenchy, entre outras.


Colaborou VIVIAN WHITEMAN, da Reportagem Local


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