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PAC / ANÁLISE
Medidas não levam a crescimento de 5%
Maioria dos economistas considera pacote insuficiente; ex-presidente do Banco Central diz que impacto será "quase nulo"
Capacidade de investir do setor público continua limitada e, para críticos, programa não ataca problemas estruturais
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O PAC vai na direção correta
na avaliação de alguns economistas. Outros acreditam que o
programa do governo é equivocado em vários pontos. Mas a
maioria concorda em pelo menos um ponto: corretas ou não,
as medidas não são suficientes
para fazer a economia brasileira crescer os 5% almejados pelo
governo Lula.
"Se crescermos 3,5% tem que
soltar rojão", alfineta Samuel
Pessôa, economista da FGV
(Fundação Getúlio Vargas). Para ele, o pacote muda pouco o
potencial de crescimento da
economia brasileira. "Há investimentos meritórios, como saneamento básico e construção
de casas populares, mas que
não têm impacto muito forte
na taxa de crescimento", argumenta o economista.
Crítico da gestão econômica
do governo Lula, Pessôa diz
avaliar que a qualidade da política econômica piorou na gestão do presidente, motivo pelo
qual, mesmo com o cenário internacional muito mais favorável, o crescimento médio foi
igual ao do último mandato do
presidente Fernando Henrique
Cardoso. "A única explicação
para crescer a mesma coisa,
com a mesma taxa real de juros
mas com cenário melhor é uma
política econômica pior", diz.
Gustavo Loyola, da Tendências Consultoria, afirma que o
Brasil pode até crescer 4% ou
mais neste ano, mas que pouco
disso seria explicado pelas medidas anunciadas ontem, que
têm "impacto praticamente
nulo ou muito pequeno".
O crescimento adicional em
relação a 2006 -ano para o
qual as projeções apontam expansão de menos de 3%- viria
do cenário internacional extremamente favorável, diz o ex-presidente do Banco Central.
Loyola ressalta que a capacidade de investimento do governo "é muito limitada", insuficiente, portanto, para elevar a
taxa de investimento aos 25%
do PIB (Produto Interno Bruto) que, avalia a maior parte dos
economistas, seria necessária
para o país crescer 5%.
"O PAC falha em não atacar
questões estruturais importantes", diz Vladimir Caramaschi,
economista-chefe da Fator
Corretora. Em sua opinião, o
PAC não tem o combustível necessário para o crescimento de
5%. "As reformas da Previdência, a trabalhista, as questões
estruturais não foram nem
mencionadas".
Menos crítico, Carlos Langoni, economista do Centro de
Economia Mundial da FGV,
avalia que o pacote vai na direção correta, mas que é apenas o
primeiro passo para um patamar mais elevado e sustentável
de crescimento.
"É lógico que é preciso avançar nas reformas estruturais",
ressalva Langoni, que não arrisca estimar o crescimento
adicional gerado pelas medidas. "Crescimento não é um parâmetro que você pode controlar com precisão".
Já João Sicsú, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), diz que o cenário e as
medidas são compatíveis com
crescimento de 4,5% neste ano.
Mas ressalta que "o pacote não
é suficiente, ele trata apenas de
medidas fiscais". Para ele, atingir a meta de crescimento depende da coordenação das expectativas por parte do governo, com o PAC sendo complementado com redução de juros de forma mais acentuada.
Mais: com juros menores, o
governo deveria comprar mais
reservas, impedindo valorização do câmbio, "para não termos problemas externos em 2008, gerados pela alta das importações", diz. "Câmbio valorizado e crescimento elevado
são uma combinação explosiva
para as importações."
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