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BNDES estima que economia crescerá 5,5%
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
Apesar da crise nos mercados
e da oscilação nas principais
Bolsas mundiais, o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)
projeta que haverá um crescimento da economia brasileira
de 5,5% neste ano.
De acordo com o estudo "Entendendo a crise do subprime",
divulgado ontem pelo banco, o
crescimento será sustentado
pelo investimento em alta.
Segundo Ernani Teixeira
Torres, superintendente da
área de Pesquisas Econômicas
do banco, o primeiro trimestre
deve apresentar a taxa mais
elevada de expansão.
"Os níveis de estoques estão
baixos, e as empresas estão
cancelando férias coletivas. O
investimento continua muito
forte", disse Torres.
O economista ressalta que a
projeção do banco é mais otimista do que a da média do
mercado, que aposta em expansão de 4,5%. "A dúvida é o que
eles estão vendo. Não há sinais
de choque externo ou de petróleo, nada que justifique uma
desaceleração maior da economia", afirmou.
Na avaliação do economista,
não existem indicativos de que
a crise atingirá a chamada economia real no Brasil, de forma
significativa. "Trata-se de uma
crise financeira ligada à explosão de uma bolha especulativa
no mercado imobiliário americano. Essa passagem para o lado real não é automática, nem
mesmo nos EUA", disse.
De acordo com o estudo, o
maior impacto até agora na
economia americana ocorreu
na construção civil, com o menor número de vendas de casas
novas, o que tem efeitos negativos sobre emprego e renda.
Outros fatores indiretos que
podem ampliar os efeitos da
crise são a eventual contaminação de segmentos do mercado
de crédito ao consumidor americano e a adoção de uma postura mais conservadora na concessão de empréstimos. Ele
ressalta, no entanto, o efeito de
compensação das exportações
americanas em razão do dólar
desvalorizado.
Um dos efeitos da crise é o
aumento da incerteza sobre o
desempenho da economia
americana, o que se traduz em
maior dispersão entre as projeções. O estudo cita a previsão
do Goldman Sachs, de expansão de 0,8%, e da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), de
cerca de 2%.
Exportações e câmbio
Segundo Torres, os efeitos da
crise americana no Brasil poderão ocorrer nas exportações e
no câmbio. Torres minimiza
esse impacto ao destacar que as
importações já vinham crescendo em ritmo mais acelerado
do que as exportações. Ele afirma ainda que, com as reservas
em alta, o Banco Central tem
margem de manobra para lidar
com a flutuação do dólar.
"O que pode ocorrer é uma
saída de capitais porque os papéis brasileiros têm muita liquidez. Quando esses agentes
precisarem de dinheiro, podem
vender os papéis, mas há espaço para que outros comprem",
disse.
Sobre o corte da taxa de juros
nos Estados Unidos de 0,75
ponto percentual, o economista afirma que foi uma tentativa
de amainar a crise. "Não se deve desprezar a capacidade de
resposta dos governos e dos
bancos centrais na tomada de
medidas para compensar os
efeitos da crise", disse.
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