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Mantega diz que Fed não influencia BC
VALDO CRUZ
SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao comemorar a decisão
do Fed (banco central americano) de cortar os juros em
0,75 ponto percentual, o ministro Guido Mantega (Fazenda) disse que a decisão
não interfere na política monetária brasileira.
Segundo ele, as realidades
dos dois países "são bastante
diferentes". Enquanto os
EUA cortaram os juros para
resolver um problema de falta de crédito, Mantega disse
que o Banco Central aqui segue de olho na inflação, que
está "tranqüila".
Mantega fez os comentários durante o balanço de um
ano do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Ao ser informado por um
assessor da novidade, o ministro fez questão de anunciá-la para jornalistas e autoridades presentes ao evento,
dizendo que a medida traria
um "alívio para os mercados", não escondendo sua satisfação com a decisão.
"Eles sabiam que nós íamos anunciar o balanço do
PAC hoje e decidiram antecipar", brincou Mantega ao comentar a decisão do Fed.
"Foi uma articulação do José
Múcio [ministro das Relações Institucionais]", comentaram, rindo, outros ministros presentes.
Gerente do PAC, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse que o programa "é
uma vacina contra a crise externa", porque acelera o
mercado interno brasileiro,
compensando eventuais
problemas vindos de fora.
Ao falar das diferenças do
momento econômico dos
dois países, Mantega disse
que não via "nenhuma razão" de fazer aqui no Brasil
algo parecido com a decisão
do Fed, porque o país está
olhando seu processo inflacionário e não tem problemas de recessão à frente.
"Os Estados Unidos estão
preocupados com a desaceleração da economia, por isso
estão reduzindo o custo do
dinheiro para melhorar a atividade econômica", disse o
ministro da Fazenda.
Já o Brasil, segundo Mantega, "não sofre dos mesmos
problemas, não tem risco de
recessão, e o que interessa é a
inflação, que está tranqüila".
Por fim, concluiu seu raciocínio dizendo que as taxas de
juros no Brasil continuarão
seguindo exclusivamente o
"comportamento da inflação, conforme reza o sistema
de metas".
O ministro da Fazenda insistiu no discurso de que o
país está mais preparado para enfrentar a crise americana. "Não quero dizer que o
Brasil está imune, mas nunca
esteve tão preparado. Imaginem se essa crise tivesse
ocorrido alguns anos atrás o
que já teria acontecido com
os juros, com a inflação, com
o câmbio." Em seguida, disse
que "nada disso está acontecendo, não há fuga de capitais, não há quebra de bancos, não há falta de liquidez, a
situação é outra".
Ao anunciar a decisão do
Fed durante o balanço do
PAC, Mantega afirmou que a
medida não irá interromper
o problema de liquidez nos
países desenvolvidos, principalmente nos EUA.
Na opinião do ministro, esse processo vai continuar
"enquanto não houver uma
absorção das perdas geradas
pela crise" do mercado imobiliário norte-americano.
Ele fez questão também de
dizer que a "crise ainda não
chegou ao Brasil". Ressalvou,
contudo, que não significa
que não vá chegar, mas destacou que não há por aqui
problemas de solvência como nos EUA.
Ao final do evento do PAC,
Dilma Rousseff, ao dizer que
ele é uma "vacina contra a
crise externa", afirmou que o
programa "aumenta a capacidade da economia do país
de produzir aqui dentro".
Mantega também seguiu a
linha de Rousseff. Para ele, se
houver alguma redução nas
exportações brasileiras, provocadas por uma desaceleração nos EUA, o mercado interno vai compensar essa
queda e manter o estímulo
para que os empresários
continuem investindo.
Colaborou LETÍCIA SANDER, da Sucursal de Brasília
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