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Governo maquia balanço do PAC
Planalto alterou cronograma de obras que eram consideradas atrasadas no relatório anterior, de setembro
Projetos como os da usina de Angra 3 e da hidrelétrica de Belo Monte foram classificados no balanço como "adequados" ao prazo
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo maquiou os resultados do PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento).
Obras com cronogramas atrasados em relação ao previsto no
último balanço, feito em setembro do ano passado, obtiveram o selo verde, que serve para
classificar os projetos com andamento adequado.
Na área de energia elétrica, o
governo decidiu ignorar os
atrasos em obras como as da
usina nuclear de Angra 3 e das
hidrelétricas de Belo Monte
(PA) e Ribeiro Gonçalves (PI).
Entre os projetos de gás natural, não foi considerado o atraso no gasoduto Campinas-Rio.
Também na área de infra-estrutura, o governo decidiu continuar classificando com o selo
verde (adequado) as obras de
dragagem do porto de Itaguaí
(RJ), da implantação da avenida perimetral portuária de Santos (margem direita) e de adequação das pistas do aeroporto
de Guarulhos -todas atrasadas
em relação aos prazos previstos
em setembro de 2007.
Já o atraso da usina nuclear
de Angra 3, obra que poderá
agregar 1.350 MW (megawatts)
ao sistema elétrico se for concluída, não prejudicou sua classificação. Em setembro, o governo previa que a obra ficaria
pronta em dezembro de 2013.
Agora, o novo prazo é 31 de
maio de 2014.
Uma decisão judicial, obtida
pelo Ministério Público, paralisou o processo de licenciamento ambiental da obra. Mesmo
com o atraso, o projeto continua com o cronograma "adequado", segundo o governo. Na
avaliação da ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil), um atraso de meses em um projeto do
porte de Angra 3 não é significativo. "Temos certeza de que
isso vai ser solucionado na Justiça. Por isso que ela está em
verde", afirmou a ministra.
Belo Monte
Outro projeto fundamental
para a segurança no abastecimento de energia, o da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA), teve seu leilão postergado de junho para outubro de
2009, sem que isso se refletisse
na sua classificação dentro do
PAC. Quando concluída, a usina poderá gerar 11.187 MW.
Termos de referência (espécie de roteiro) que vão orientar
os estudos de impacto ambiental da obra ainda estão sendo
negociados com o Ibama e com
a Funai. Depois de feitos os estudos é que começará o processo de licenciamento ambiental
e, só depois de obtida a licença
prévia, a usina será licitada.
Os procedimentos para concessão de licenças ambientais e
para licitações foram alguns
dos pontos que o presidente da
Abdib (Associação Brasileira de
Infra-estrutura e Indústria de
Base), Paulo Godoy, pediu revisão do governo. "Podemos agilizar os processos se nos debruçarmos sobre essas questões."
O atraso nas obras não preocupa o governo, que ratifica que
não há risco de falta de energia.
"Hoje não há a menor possibilidade de ter um racionamento
de energia", disse Rousseff.
Comparando com o período
2000/ 2001, quando houve racionamento, a ministra ressaltou que a situação é bem diferente e que hoje há mais termelétricas instaladas para gerar
energia quando as chuvas forem insuficientes.
No setor de portos, a obra de
dragagem que vai aprofundar
de 17 para 20 metros o canal de
acesso ao porto de Itaguaí (RJ)
teve a conclusão de sua primeira fase de execução adiada de
dezembro de 2008 para fevereiro do ano que vem. A segunda fase, que deveria ser concluída em fevereiro de 2010, passou
para o final de maio.
As obras de construção da
avenida Perimetral Portuária
no porto de Santos (margem direita), que estavam previstas
para ficarem prontas em junho
de 2008, só devem ser concluídas em dezembro.
A obra atrasou porque o Ministério Público conseguiu liminar paralisando o empreendimento em julho de 2007.
No aeroporto de Guarulhos,
as obras para ampliação e revitalização do sistema de pistas e
pátios estavam previstas para
terminar em agosto de 2008.
Agora, a nova previsão é 31 de
dezembro de 2008. De acordo
com o balanço oficial do governo, 50% das obras nas pistas e
pátios já tinham sido feitas até
o final do ano passado.
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