São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

BC pode acelerar corte de juros, diz Credit

Depois de o Banco Central ter baixado em um ponto percentual a taxa básica de juros, o governo anunciou ontem uma injeção de R$ 100 bilhões adicionais ao BNDES para incentivar os investimentos em infraestrutrura e manter os planos da Petrobras. O objetivo do governo é tentar atenuar a acentuada desaceleração da atividade econômica no país.
A queda foi forte no quarto trimestre do ano passado e os primeiros sinais são que não houve ainda melhora no início deste ano. Segundo o departamento de economia do Credit Suisse Brasil, o PIB caiu por volta de 2% no quarto trimestre de 2008 em relação ao terceiro, a maior contração dos últimos 17 anos, desde quando foi iniciada a nova série, em 1991. No terceiro trimestre, o PIB tinha crescido 1,8%.
A intenção do governo é adotar medidas com o objetivo de reverter esse quadro. O corte de juros continuará sendo uma ferramenta importante nessa estratégia. O Credit Suisse acha que a deterioração do cenário de atividade é tão forte que o Banco Central pode até aumentar o ritmo do corte de juros em março.
Apesar de o comunicado do Copom de quarta-feira ter assinalado que a parte relevante do movimento (de corte de juros) já havia sido realizada, o CS mantém expectativa de mais dois cortes de um ponto percentual nas reuniões de 10 e 11 de março e de 28 e 29 de abril.
O CS afirma até que não é baixa a probabilidade de o Copom acelerar o ritmo do corte de juros para 1,5 ponto em março, em razão da forte desaceleração da economia, do aumento do desemprego e da queda da inflação. O CS acertou o resultado da reunião do Copom de quarta passada.
As medidas do governo, incluindo o corte de juros, tendem a atenuar a queda na economia, mas ainda leva tempo até começarem a fazer efeito. A melhora depende também de a crise global não se agravar nos próximos meses.

TRÂNSITO

Os restaurantes da rua Amaury, no Itaim, em São Paulo, uniram-se para apaziguar o trânsito do local, intensificado pelos estacionamentos com manobristas. A primeira reunião com a CET, o SPTrans e outras entidades foi em dezembro, a próxima será em fevereiro. Entre as sugestões feitas está o desvio da rota de ônibus na rua, que não tem pontos no trecho da Nove de Julho à Faria Lima. O movimento é liderado por restaurantes como Magari, Ecco e Trindade, mas há outros estabelecimentos.

MUDANÇA
Pedro Moreira Salles se mudou de vez para o prédio do Itaú. O andar do Unibanco ocupado por ele está vazio. O banqueiro já se instalou na sala de Roberto Setubal. Em breve, todo o comitê executivo ocupará o mesmo espaço. Não haverá mais sala individual no Itaú.

SEM CHANCES
Apesar do pedido dos empresários, não está nos planos do BC reduzir o intervalo entre as reuniões do Copom de 45 para 30 dias. São várias razões. Primeiro, não há nada na lei que impeça uma reunião extraordinária. Depois, em todos os países os intervalos são de 45 dias. Se o prazo for de 30 dias, o BC ficaria muito paralisado, já que entre uma e outra reunião o banco fica imóvel por 15 dias.

LINHA DE TIRO
O presidente Lula endureceu o jogo na reunião de ontem com os presidentes de bancos públicos. Em tom de voz acima do usual, determinou que baixem imediatamente os "spreads".

GOVERNANÇA
Sergio Foguel, do conselho da Odebrecht e da Academia Internacional da Qualidade, foi convidado para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos, no painel sobre governança.

VAREJO
Roque Pellizzaro Júnior, presidente da CNDL (confederação de dirigentes lojistas), recebe, dia 27, em SP, Werner Studer, diretor-executivo do IGDS, entidade similar na Suíça, que vem conhecer o sistema de crédito.



Mário Cunha, diretor de negócios da Academia de Marketing, que dá palestras e treinamentos em empresas como Citibank, Unilever e outros, tem sido questionado sobre crise em todo evento de que participa. Cunha, também professor da FGV, do Ibmec e da Faap, elaborou "dez mandamentos" para se proteger na crise como: não se pode acreditar em previsões e é hora de ajustar o foco do negócio. A última dica é rezar. Para o professor, as empresas que precisarem reduzir seus investimentos em marketing provavelmente concentrarão esforços nas mídias de maior resultado. No primeiro trimestre, uma redução genérica de até 30% nos investimentos é o que se espera do mercado. Se as turbulências trouxerem mais que isso, será desesperador, segundo o professor.

Operadoras ficarão sensíveis com cliente
As operadoras de serviços móveis ficarão "mais sensíveis" com os assinantes a partir de agora, segundo Erasmo Rojas, diretor da 3G Americas para América Latina e Caribe, organização especializada em tecnologia GSM e 3G. Os operadores terão que criar estratégias para resgatar os clientes que se afastarem por causa das turbulências na economia.
O serviços pós-pagos devem sofrer menos que os pré-pagos, segundo Rojas. Nas classes C e D, Rojas espera desaquecimento mais forte. "Quem planejava trocar de aparelho vai esperar. O consumidor pode falar menos, mandar menos torpedos, e isso deve reduzir a receita dos operadores." Para as classes A e B, Rojas não acredita em impactos graves.
A estratégia agora será o oferecimento de ofertas e muitas opções de preços. "Os operadores dos EUA já começaram. Um deles cortou as punições por quebra de contrato pós-pago nos casos em que o cliente provar que foi desempregado por causa da crise." A ideia, diz Rojas, é agradar ao consumidor para que, quando a crise passar, ele se lembre da política da empresa e retorne, em vez de buscar um concorrente.
Para o Brasil, Rojas afirma que a competição deve ser acirrada. "O Brasil é um mercado muito competitivo, com poucas operadoras competindo com muita força, e isso vai aumentar quando a portabilidade estiver totalmente implementada."

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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