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Mercado Aberto
GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
BC pode acelerar corte de juros, diz Credit
Depois de o Banco Central
ter baixado em um ponto percentual a taxa básica de juros, o
governo anunciou ontem uma
injeção de R$ 100 bilhões adicionais ao BNDES para incentivar os investimentos em infraestrutrura e manter os planos da Petrobras. O objetivo do
governo é tentar atenuar a
acentuada desaceleração da
atividade econômica no país.
A queda foi forte no quarto
trimestre do ano passado e os
primeiros sinais são que não
houve ainda melhora no início
deste ano. Segundo o departamento de economia do Credit
Suisse Brasil, o PIB caiu por
volta de 2% no quarto trimestre
de 2008 em relação ao terceiro,
a maior contração dos últimos
17 anos, desde quando foi iniciada a nova série, em 1991. No
terceiro trimestre, o PIB tinha
crescido 1,8%.
A intenção do governo é adotar medidas com o objetivo de
reverter esse quadro. O corte de
juros continuará sendo uma
ferramenta importante nessa
estratégia. O Credit Suisse acha
que a deterioração do cenário
de atividade é tão forte que o
Banco Central pode até aumentar o ritmo do corte de juros em março.
Apesar de o comunicado do
Copom de quarta-feira ter assinalado que a parte relevante do
movimento (de corte de juros)
já havia sido realizada, o CS
mantém expectativa de mais
dois cortes de um ponto percentual nas reuniões de 10 e 11
de março e de 28 e 29 de abril.
O CS afirma até que não é
baixa a probabilidade de o Copom acelerar o ritmo do corte
de juros para 1,5 ponto em março, em razão da forte desaceleração da economia, do aumento do desemprego e da queda da
inflação. O CS acertou o resultado da reunião do Copom de
quarta passada.
As medidas do governo, incluindo o corte de juros, tendem a atenuar a queda na economia, mas ainda leva tempo
até começarem a fazer efeito. A
melhora depende também de a
crise global não se agravar nos
próximos meses.
TRÂNSITO
Os restaurantes da rua Amaury, no Itaim, em São Paulo, uniram-se para apaziguar o trânsito do local, intensificado pelos estacionamentos com manobristas. A primeira
reunião com a CET, o SPTrans e outras entidades foi em
dezembro, a próxima será em fevereiro. Entre as sugestões feitas está o desvio da rota de ônibus na rua, que não
tem pontos no trecho da Nove de Julho à Faria Lima. O
movimento é liderado por restaurantes como Magari, Ecco e Trindade, mas há outros estabelecimentos.
MUDANÇA
Pedro Moreira Salles se
mudou de vez para o prédio
do Itaú. O andar do Unibanco ocupado por ele está vazio. O banqueiro já se instalou na sala de Roberto Setubal. Em breve, todo o comitê
executivo ocupará o mesmo
espaço. Não haverá mais sala individual no Itaú.
SEM CHANCES
Apesar do pedido dos empresários, não está nos planos do BC reduzir o intervalo entre as reuniões do Copom de 45 para 30 dias. São
várias razões. Primeiro, não
há nada na lei que impeça
uma reunião extraordinária. Depois, em todos os países os intervalos são de 45
dias. Se o prazo for de 30
dias, o BC ficaria muito paralisado, já que entre uma e
outra reunião o banco fica
imóvel por 15 dias.
LINHA DE TIRO
O presidente Lula endureceu o jogo na reunião de ontem com os presidentes de bancos públicos. Em tom de
voz acima do usual, determinou que baixem imediatamente os "spreads".
GOVERNANÇA
Sergio Foguel, do conselho da Odebrecht e da Academia Internacional da
Qualidade, foi convidado para participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos,
no painel sobre governança.
VAREJO
Roque Pellizzaro Júnior,
presidente da CNDL (confederação de dirigentes lojistas), recebe, dia 27, em SP,
Werner Studer, diretor-executivo do IGDS, entidade similar na Suíça, que vem conhecer o sistema de crédito.
FÉ
Mário Cunha, diretor de negócios da Academia de Marketing, que dá palestras e treinamentos em empresas como Citibank, Unilever e outros, tem sido questionado sobre crise em todo evento de que participa. Cunha, também professor da FGV, do Ibmec e da Faap, elaborou "dez
mandamentos" para se proteger na crise como: não se pode acreditar em previsões e é hora de ajustar o foco do
negócio. A última dica é rezar. Para o professor, as empresas que precisarem reduzir seus investimentos em
marketing provavelmente concentrarão esforços nas mídias de maior resultado. No primeiro trimestre, uma redução genérica de até 30% nos investimentos é o que se
espera do mercado. Se as turbulências trouxerem mais
que isso, será desesperador, segundo o professor.
Operadoras ficarão sensíveis com cliente
As operadoras de serviços
móveis ficarão "mais sensíveis" com os assinantes a
partir de agora, segundo
Erasmo Rojas, diretor da 3G
Americas para América Latina e Caribe, organização especializada em tecnologia
GSM e 3G. Os operadores terão que criar estratégias para
resgatar os clientes que se
afastarem por causa das turbulências na economia.
O serviços pós-pagos devem sofrer menos que os
pré-pagos, segundo Rojas.
Nas classes C e D, Rojas espera desaquecimento mais forte. "Quem planejava trocar
de aparelho vai esperar. O
consumidor pode falar menos, mandar menos torpedos, e isso deve reduzir a receita dos operadores." Para
as classes A e B, Rojas não
acredita em impactos graves.
A estratégia agora será o
oferecimento de ofertas e
muitas opções de preços. "Os
operadores dos EUA já começaram. Um deles cortou
as punições por quebra de
contrato pós-pago nos casos
em que o cliente provar que
foi desempregado por causa
da crise." A ideia, diz Rojas, é
agradar ao consumidor para
que, quando a crise passar,
ele se lembre da política da
empresa e retorne, em vez de
buscar um concorrente.
Para o Brasil, Rojas afirma
que a competição deve ser
acirrada. "O Brasil é um mercado muito competitivo,
com poucas operadoras
competindo com muita força, e isso vai aumentar quando a portabilidade estiver totalmente implementada."
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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