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Lula manda banco público cortar juro ao consumidor
Para presidente, instituições oficiais não podem cobrar taxas maiores que as privadas
É a 2ª vez que presidente cobra Caixa e BB; Mantega diz
que "spread" atingiu patamar
"inimaginável para um
país que precisa crescer"
SHEILA D'AMORIM
SIMONE IGLESIAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos oficiais "não podem" cobrar taxas de juros e
"spreads" maiores do que os
privados. Com essa convicção,
explicitada ontem pelo ministro Guido Mantega (Fazenda),
o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva determinou que os
bancos públicos -entre eles a
Caixa Econômica Federal e o
Banco do Brasil- lancem uma
cruzada para diminuir o valor
que as instituições financeiras
cobram além do custo de captação para repassar o dinheiro
aos clientes. Essa foi a segunda
vez que o presidente fez a mesma cobrança aos dois bancos.
"O custo financeiro subiu de
forma expressiva em 2008. Os
"spreads" chegaram a patamares inimagináveis para um país
que precisa crescer. O presidente [Lula] recomendou que
os bancos públicos têm a missão de liderar a redução dos
"spreads'", afirmou Mantega, ao
fazer um resumo da reunião de
quase três horas de Lula com os
presidentes dos bancos oficiais.
Na avaliação dele, não há nenhuma incompatibilidade entre encabeçar esse processo e
ser rentável e lucrativo. "Nossa
orientação é que eles cumpram
a finalidade de financiar agricultura, indústria, comércio exterior e que tenham comportamento responsável. Mas eles
não podem cobrar taxas maiores do que os bancos privados."
Como isso será feito, ainda
não está claro. Nem mesmo as
instituições oficiais que participaram da reunião sabem ao
certo o que fazer. Quando o tema sai dos discursos para os
números, o governo prefere falar da taxa de juros efetiva, que
é quanto os consumidores estão pagando na ponta nos empréstimos.
"Vamos falar do custo financeiro como um todo", disse
Mantega, ao ser questionado
que o governo já havia anunciado medidas para reduzir os
"spreads" e o próprio presidente já havia dado essa ordem aos
bancos oficiais, meses atrás.
Banco Central
Sempre se referindo aos juros finais, Mantega disse que
um passo importante nessa
área foi dado com a redução dos
juros anunciada nesta semana
pelo Banco Central. "Mas o governo já reduziu também o IOF
(Imposto sobre Operações Financeiras) para as pessoas físicas e compulsórios, que diminuem o custo dos bancos."
Na verdade, o IOF sobre crédito é um imposto repassado
diretamente ao consumidor, e
não um custo do banco em si.
Ele é transferido integralmente
ao fixar a prestação. A discussão sobre queda nos "spreads"
ou nos juros finais se tornou
uma polêmica entre o BC e o
sistema financeiro. Criticado
por não reduzir os juros, o BC
passou o problema adiante, sob
a alegação de que a culpa das taxas elevadas cobradas do consumidor é dos altos "spreads".
Na reunião de ontem, os bancos oficiais mostraram que o
estoque de crédito cresceu,
mesmo nos períodos mais críticos da crise, e os juros caíram
na ponta, assim como os
"spreads". Segundo Mantega, o
BB e o BNDES aumentaram em
cerca de 40% os desembolsos a
partir de setembro. Ele considerou o valor "satisfatório", porém "insuficiente". "Ainda falta
crédito no Brasil porque secaram as fontes externas."
No caso do BB e da Caixa, o
aumento do estoque da carteira
de crédito no final do ano passado foi influenciado também
pela compra de carteiras para
socorrer bancos pequenos que
não conseguiam se financiar no
mercado.
Colaborou JULIANA ROCHA ,
da Sucursal de Brasília
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