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Bastidores
Corte de vagas foi "porretada", diz presidente
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa reunião muito tensa
com os dirigentes dos bancos
oficiais, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva disse que
ficou "muito assustado com
a quantidade de demissões
em dezembro". Falou que
não esperava "uma porretada tão grande", segundo relatos literais de quem participou da reunião.
O presidente disse: "Não é
para vazar. Se vazar o que
vou dizer, vocês estão fodidos. Mas eu fiquei muito assustado com a quantidade de
demissões em dezembro. Fiquei puto. Não esperava". No
último mês do ano passado, o
Brasil perdeu mais de 654
mil empregos formais, segundo dados do Ministério
do Trabalho.
Lula afirmou que não queria que vazasse a informação
de que ficou assustado porque avalia que precisa fazer
um discurso otimista. "De
pessimista, chega o que vejo
nos jornais", disse Lula.
O presidente usou palavrões para se referir a ações
do governo que não chegariam "na ponta". Uma dessas
ações seria a recomendação
para que os bancos oficiais
baixem o "spread" -diferença entre o custo de captação
dos recursos para os bancos e
o que essas instituições financeiras cobram de clientes
nas diversas operações de
empréstimo.
"Vou dar uma ordem que
tem de ser cumprida. Quero
que o Banco do Brasil e a Caixa liderem um processo de
queda do "spread'", afirmou o
presidente da República,
sempre de acordo com relatos obtidos pela Folha.
Mantega
Lula foi muito duro com o
ministro da Fazenda, Guido
Mantega. Afirmou que estava cobrando mais medidas
concretas para enfrentar a
crise.
Os bancos oficiais são subordinados diretamente a
Mantega, que chefiará um
grupo do governo para averiguar os "spreads" cobrados
pelos bancos públicos e privados nas mais diversas operações. Há diferenças nas taxas de juros. Em algumas, há
embutida cobranças administrativas ou impostos que
fazem uma taxa aparente
menor ser maior na soma total do desembolso que um
cliente faz para tomar um
empréstimo.
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