São Paulo, sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

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Bastidores

Corte de vagas foi "porretada", diz presidente

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Numa reunião muito tensa com os dirigentes dos bancos oficiais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ficou "muito assustado com a quantidade de demissões em dezembro". Falou que não esperava "uma porretada tão grande", segundo relatos literais de quem participou da reunião.
O presidente disse: "Não é para vazar. Se vazar o que vou dizer, vocês estão fodidos. Mas eu fiquei muito assustado com a quantidade de demissões em dezembro. Fiquei puto. Não esperava". No último mês do ano passado, o Brasil perdeu mais de 654 mil empregos formais, segundo dados do Ministério do Trabalho.
Lula afirmou que não queria que vazasse a informação de que ficou assustado porque avalia que precisa fazer um discurso otimista. "De pessimista, chega o que vejo nos jornais", disse Lula.
O presidente usou palavrões para se referir a ações do governo que não chegariam "na ponta". Uma dessas ações seria a recomendação para que os bancos oficiais baixem o "spread" -diferença entre o custo de captação dos recursos para os bancos e o que essas instituições financeiras cobram de clientes nas diversas operações de empréstimo.
"Vou dar uma ordem que tem de ser cumprida. Quero que o Banco do Brasil e a Caixa liderem um processo de queda do "spread'", afirmou o presidente da República, sempre de acordo com relatos obtidos pela Folha.

Mantega
Lula foi muito duro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Afirmou que estava cobrando mais medidas concretas para enfrentar a crise.
Os bancos oficiais são subordinados diretamente a Mantega, que chefiará um grupo do governo para averiguar os "spreads" cobrados pelos bancos públicos e privados nas mais diversas operações. Há diferenças nas taxas de juros. Em algumas, há embutida cobranças administrativas ou impostos que fazem uma taxa aparente menor ser maior na soma total do desembolso que um cliente faz para tomar um empréstimo.


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