São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 2005

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CRÉDITO

Total de contas em atraso teve expansão menor do que nos últimos dois anos da gestão FHC, mostra estudo da Serasa

Inadimplência cresce menos no governo Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

O volume de contas em atraso nos dois primeiros anos de governo Lula registrou uma taxa de expansão menor do que nos dois últimos anos de administração tucana. A conclusão é da Serasa, companhia de análise de crédito, que levou em conta o calote de consumidores e de empresas. Tanto no final do governo de Fernando Henrique Cardoso como na era Lula, as pessoas físicas tiveram um desempenho menos positivo quando comparado com o das pessoas jurídicas.
De janeiro de 2003 a dezembro de 2004, o volume de registros de inadimplência de pessoas jurídicas e físicas cresceu 10,9% em comparação com os dois anos anteriores. Se no período de 2001 e 2002 tivessem sido registrados 100 casos de calote, por exemplo, em 2003 e 2004 o total atingiria 111.
Porém a taxa de expansão registrada no final dos anos FHC atingiu um patamar mais elevado. Foi verificada uma alta de 55,2% no total de registros de inadimplência em 2001 e 2002 sobre os dois anos anteriores. Em ambos os casos, entram na análise dados como cheques devolvidos, títulos protestados, dívidas vencidas com bancos, com cartões de crédito e com financeiras.
Os registros de calote dos consumidores atingiram uma taxa de expansão maior do que o verificado nas empresas.
Isso ocorreu tanto nos anos FHC como na era Lula.
Nos dois anos do governo petista, a inadimplência de pessoas físicas cresceu 15,2% em relação aos dois anos anteriores. E a inadimplência de pessoas jurídicas subiu 3,2% para o mesmo intervalo de tempo.
As variações podem chegar a dois dígitos, mas ambas ainda são menores do que as verificadas no final dos anos FHC.
A pesquisa mostra que, nos dois últimos anos de mandato tucano, o número de registros de empresas inadimplentes cresceu 30%. Portanto, bem acima dos 3,2% registrados no início de governo petista. Entre os consumidores, a expansão nos registros de pendências em atraso foi ainda maior: cresceu 57,7% no governo FHC.

Questão matemática
É preciso levar em conta que já era esperada uma queda na taxa de registros de atrasos nas contas na era Lula. Por uma razão matemática: o levantamento irá comparar os dados dos últimos dois anos (2003 e 2004) com um período de base forte (2001 e 2002), que apresentou taxas elevadas de inadimplência. Logo, quando é feita a relação entre os números, existe uma tendência natural para que a expansão no calote seja menor na era petista.
Além desse fator, há outros de ordem econômica. Houve uma melhora no indicador de emprego recentemente, e isso tem impacto direto no indicador de calote para as pessoas físicas.
O desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu 19% da População Economicamente Ativa (PEA) ao final de 2002, na véspera do início da administração de Lula. Ao final de 2004, o número havia recuado para 17,4%, segundo o Dieese.
Quanto às empresas, a leve melhora na demanda no mercado doméstico em 2004, que resultou num aumento de venda para as companhias que vendem internamente -assim como a escalada nas exportações na gestão petista- recheou o caixa dos grupos privados.
O volume de falências e concordatas caiu, na esteira da redução da inadimplência.
Dados da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) mostram que, nos anos de 2002 e 2003, foram 3.700 falências decretadas no Estado de São Paulo. Desde o início do governo do PT, foram 3.200 casos.
Ontem, a Fecomercio SP apresentou um novo dado sobre o total de pendências em atraso de pessoas físicas. Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor mostra que o percentual de pessoas com contas não-quitadas subiu de 36% em janeiro para 42% neste mês. Foram entrevistadas mil pessoas na região metropolitana de São Paulo.
(ADRIANA MATTOS)


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