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outro lado
Dirceu não intermediou negócio, diz Santos
DA REPORTAGEM LOCAL
O ex-ministro José Dirceu
negou-se a dar entrevista sobre
o caso Telebrás. Por meio de
sua assessoria, disse que, "se,
por ventura, o ex-ministro tivesse dado consultoria ao sr.
Nelson dos Santos, não poderia
confirmar, por cláusula de confidencialidade, comum a contratos de consultoria".
Por e-mail, o empresário
Nelson dos Santos confirmou
que fez pagamentos ao ex-ministro, mas que a "consultoria
JD [iniciais de José Dirceu]
nunca foi contratada para fazer
qualquer intermediação de negócios ou serviços relacionados
a transações específicas".
Segundo Santos, os serviços
prestados por Dirceu referem-se a projeções do cenário político e econômico brasileiro e latino-americano, um ramo de atividade em que opera grande
número de consultorias do
mesmo nível de serviço que é
normalmente utilizado por
empresas que necessitam ter
projeção de investimentos a
longo prazo.
Ainda segundo Santos, o trabalho de Dirceu para a sua empresa tinha contrato de prestação de serviços, que vigorou entre março de 2007 e outubro de
2009. Todos os pagamentos foram efetuados com nota fiscal
de serviços, liquidados por via
bancária e devidamente contabilizados. Os valores mensais
foram de R$ 20 mil, que totalizaram R$ 620 mil no período.
Procurado pela Folha, Santos disse, inicialmente, que era
só "representante" da Star
Overseas, sediada nas Ilhas
Virgens Britânicas, uma das
acionistas da Eletronet. Num
segundo momento, admitiu,
por meio de sua assessoria, ser
dono da empresa. Quanto ao
valor da compra de parte das
ações da Eletronet, pelo valor
simbólico de R$ 1, Santos disse:
"As condições da compra são
relacionadas diretamente aos
trabalhos desenvolvidos pelas
novas controladoras na busca
pela recuperação da empresa e
a continuidade dos seus negócios. O pedido de autofalência
foi feito pela Lightpar e não pela AES [sócia majoritária]".
Santos informa que os sócios
privados sempre buscaram um
acordo com o governo e os credores da Eletronet, acreditando na viabilidade econômica da
companhia. "A utilização da rede compartilhada entre governo e empresas privadas foi o
objetivo inicial quando da privatização e só foi interrompido
devido ao pedido de autofalência pela Lightpar."
Segundo ele, a aquisição [de
metade da participação da
AES] foi feita pelo valor referencial de R$ 1, registrando-se
que essa participação da AES
foi oferecida à própria Lightpar
Participações S.A. nas mesmas
condições, que não se interessou, conforme consta no balanço da própria Lightpar.
Santos acredita que os sócios
privados da Eletronet (ele incluído) têm direitos sobre o futuro que se abre na empresa
porque "a rede, mesmo após a
falência, nunca deixou de funcionar, em regime de continuidade de negócios, tendo sido
permanente a manutenção".
(MA e JW)
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