São Paulo, terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

outro lado

Dirceu não intermediou negócio, diz Santos

DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-ministro José Dirceu negou-se a dar entrevista sobre o caso Telebrás. Por meio de sua assessoria, disse que, "se, por ventura, o ex-ministro tivesse dado consultoria ao sr. Nelson dos Santos, não poderia confirmar, por cláusula de confidencialidade, comum a contratos de consultoria".
Por e-mail, o empresário Nelson dos Santos confirmou que fez pagamentos ao ex-ministro, mas que a "consultoria JD [iniciais de José Dirceu] nunca foi contratada para fazer qualquer intermediação de negócios ou serviços relacionados a transações específicas".
Segundo Santos, os serviços prestados por Dirceu referem-se a projeções do cenário político e econômico brasileiro e latino-americano, um ramo de atividade em que opera grande número de consultorias do mesmo nível de serviço que é normalmente utilizado por empresas que necessitam ter projeção de investimentos a longo prazo.
Ainda segundo Santos, o trabalho de Dirceu para a sua empresa tinha contrato de prestação de serviços, que vigorou entre março de 2007 e outubro de 2009. Todos os pagamentos foram efetuados com nota fiscal de serviços, liquidados por via bancária e devidamente contabilizados. Os valores mensais foram de R$ 20 mil, que totalizaram R$ 620 mil no período.
Procurado pela Folha, Santos disse, inicialmente, que era só "representante" da Star Overseas, sediada nas Ilhas Virgens Britânicas, uma das acionistas da Eletronet. Num segundo momento, admitiu, por meio de sua assessoria, ser dono da empresa. Quanto ao valor da compra de parte das ações da Eletronet, pelo valor simbólico de R$ 1, Santos disse: "As condições da compra são relacionadas diretamente aos trabalhos desenvolvidos pelas novas controladoras na busca pela recuperação da empresa e a continuidade dos seus negócios. O pedido de autofalência foi feito pela Lightpar e não pela AES [sócia majoritária]".
Santos informa que os sócios privados sempre buscaram um acordo com o governo e os credores da Eletronet, acreditando na viabilidade econômica da companhia. "A utilização da rede compartilhada entre governo e empresas privadas foi o objetivo inicial quando da privatização e só foi interrompido devido ao pedido de autofalência pela Lightpar."
Segundo ele, a aquisição [de metade da participação da AES] foi feita pelo valor referencial de R$ 1, registrando-se que essa participação da AES foi oferecida à própria Lightpar Participações S.A. nas mesmas condições, que não se interessou, conforme consta no balanço da própria Lightpar.
Santos acredita que os sócios privados da Eletronet (ele incluído) têm direitos sobre o futuro que se abre na empresa porque "a rede, mesmo após a falência, nunca deixou de funcionar, em regime de continuidade de negócios, tendo sido permanente a manutenção". (MA e JW)


Texto Anterior: Dirceu recebe de empresa por trás da Telebrás
Próximo Texto: Telefônica critica plano do governo
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.