São Paulo, quarta-feira, 23 de março de 2005

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TURBULÊNCIA

BC americano eleva taxa básica em 0,25 ponto, para 2,75%, e fala em pressão crescente sobre a inflação

Fed sinaliza nova alta de juros nos EUA

Spencer Green/Associated Press
Pregão na Bolsa de futuros de Chicago; o Fed elevou o juro nos EUA temendo pressões inflacionárias com a retomada da economia


FABIANO MAISONNAVE
DE WASHINGTON

Era uma decisão esperada: o Federal Reserve (Fed) elevou ontem sua taxa referencial de juros pela sétima vez. Mas um outro aumento, o da preocupação do banco central americano com relação à inflação, surpreendeu e levou apreensão ao mercado.
Com mais uma alta de 0,25 ponto percentual, a chamada "federal funds rate" passa agora a 2,75%. Antes do início dos aumentos, essa taxa, cobrada sobre empréstimos "overnight" entre bancos, estava em 1%, o menor índice em 46 anos. Os recentes aumentos visam controlar a inflação, pressionada pela retomada do crescimento econômico americano.
"Embora as projeções inflacionárias de longo prazo permaneçam bem contidas, as pressões sobre a inflação têm aumentado nos últimos meses, e a força dos preços está mais evidente. O aumento nos preços de energia, no entanto, não alimentaram significativamente o núcleo dos preços ao consumidor", diz a nota de ontem publicada pelo comitê de política monetária do Fed.
O Fed sinalizou que a velocidade do aumento de juros deve continuar inalterada ao afirmar ontem que futuras elevações ocorreriam "num ritmo que está provavelmente medido". A afirmação sugere novas elevações de 0,25 ponto percentual nos encontros regulares do Fed, mas também que podem ser maiores ou menores. A expectativa é que a taxa vá a 3,5% até o final deste ano.
Em outra mudança notada pelo mercado, o Fed também reviu sua avaliação sobre riscos. Nos últimos meses, vinha defendendo que "os riscos maiores e menores" com relação ao crescimento e a inflação estavam estáveis. Ontem, porém, disse: "O comitê entende que, com a ação apropriada na política monetária, os riscos de alta e de baixa quanto à obtenção do crescimento sustentável e da estabilidade dos preços devem se manter praticamente iguais".
Para o conservador "Wall Street Journal", o Fed deixou mais claro que a inflação pode subir caso o custo do dinheiro não aumente.
O Fed enfatizou que "reagirá às mudanças nas expectativas econômicas quando necessário para cumprir sua obrigação de manter a estabilidade dos preços".
Desde o encontro de fevereiro, o Fed tem divulgado informações que comprovam a previsão de um crescimento econômico sólido neste ano. Na nota de ontem, o tom não foi diferente.
"O comitê [do Fed] acredita que, mesmo após essa ação [aumento da taxa], a posição da política monetária permanece ajustada e, junto com um robusto crescimento da produtividade, está dando apoio contínuo à atividade econômica. O rendimento evidentemente continua crescendo num ritmo sólido apesar do aumento nos preços de energia, e as condições do mercado de trabalho continuam melhorando gradualmente", afirma o Fed, presidido por Alan Greenspan.
A decisão foi tomada por unanimidade pelos 12 membros votantes do comitê, que tem ao todo 19 integrantes e é responsável pela formulação de políticas públicas do Fed.

Desaceleração
A nota do Fed foi divulgada pouco depois de novos dados mostrando que os preços no atacado subiram bem menos em fevereiro comparados a janeiro.
Segundo o Departamento do Comércio, os preços aos produtores subiram apenas 0,4% em fevereiro, sobretudo devido ao aumento dos preços de combustível. Se excluídas energia e comida, o aumento é de apenas 0,1%. Em janeiro, o aumento geral havia sido de 0,8%.
Esse índice, no entanto, tem pouca influência no Fed, pois o impacto nos preços ao consumidor é pequeno.


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