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Analistas já prevêem crescimento de 4%
Antes da revisão do PIB, estimativa média era que expansão em 2007 fosse de 3,5%; taxa de 2006 deve subir de 2,9% para 3,5%
Para economistas, redução no endividamento após mudança nos cálculos do PIB melhora a percepção
de risco de investidores
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O novo cálculo dos números
do PIB fez consultorias revisarem para cima as estimativas
para o crescimento econômico
em 2007, que deve atingir, ao
menos, 4%.
Antes da alteração da base de
dados do IBGE, a previsão dominante no mercado apontava
uma taxa próxima de 3,5% neste ano. O PAC (Programa de
Aceleração do Crescimento)
prevê 4,5%.
O PIB de 2006 também deve
ser inflado, estimam especialistas ouvidos pela Folha. O crescimento deve passar dos 2,9%,
divulgados pelo IBGE sob a antiga metodologia, para 3,5%.
Analistas também acreditam
que o país tenha se beneficiado
da mudança metodológica do
IBGE na mensuração do PIB, já
que ela permitiu uma menor
relação dívida/PIB e abriu espaço para uma melhora mais
rápida da avaliação de risco do
país. Ou seja, o Brasil está mais
próximo de alcançar o "investment grade" -grau de investimento, para países que representam baixo risco de calote.
O PIB crescerá mais neste
ano somente pelo fato de que
2006 deve ter uma expansão
maior.
"Como houve uma revisão
para cima dos dados mais recentes, a gente acredita que o
PIB de 2006 deva aumentar
para algo em torno de 3,5%.
Por causa dessa revisão, o deste
ano também deve subir numa
proporção semelhante", afirmou Joel Bogdanski, economista do Itaú.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, a tendência é que o
PIB também seja vitaminado
em 2006 e em 2007 por conta
da nova mensuração introduzida pelo IBGE.
O economista também aposta numa taxa de 3,5% em 2006
e de 4% neste ano. Originalmente, sua projeção era uma
expansão de 3,5% neste ano.
Uma medida "mais realista"
do consumo das famílias e do
setor de serviços, diz, vai assegurar um crescimento maior.
Solange Srour, da Mellon Investments, também espera
uma expansão próxima a 4%
neste ano, apesar de ressalvar
que uma projeção precisa só
pode ser feita a partir do dia 28,
quando o IBGE divulga os dados do PIB trimestral revisados
pela nova base de informações.
A economista disse que as
mudanças tornaram mais difícil fazer projeções, pois o IBGE
passou a utilizar dados que somente ele possui.
Pelos dados do IBGE, o PIB
de 2005 saltou de R$ 1,938 trilhão na série antiga para R$
2,148 trilhões (+10,9%).
Risco
Tanto Srour como Vale acreditam que o PIB mais alto e a
conseqüente queda da relação
dívida/PIB sejam positivos para o país, ao melhorar a percepção de risco dos investidores e
das agências de classificação de
risco.
"É simplesmente uma mudança contábil, mas a percepção para os investidores é muito positiva. A solvência melhor
[relação dívida/PIB mais baixa]
e o crescimento maior [do PIB
na nova série] da economia embalam qualquer investidor. E o
resultado já estamos vendo
com a apreciação do real, que
deve se valorizar ainda mais
com a entrada de recursos no
país", afirmou.
Srour destacou que, ao elevar
a taxa de crescimento e reduzir
a vulnerabilidade externa, a
mudança do cálculo do PIB ajudou a equacionar ao mesmo
tempo dois problemas identificados pelas agências de rating
na economia brasileira.
Ainda assim, os dois economistas não acreditam numa
melhora imediata do rating para o grau de investimento, o que
deve ocorrer em dois ou três
anos.
O economista Francisco Pessôa, da LCA, afirmou ainda que
a melhora da relação dívida PIB
é positiva, mas, por outro lado,
o esforço para o cumprimento
da meta de superávit fiscal será
maior já que o PIB foi inflado.
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