São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007

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Analistas já prevêem crescimento de 4%

Antes da revisão do PIB, estimativa média era que expansão em 2007 fosse de 3,5%; taxa de 2006 deve subir de 2,9% para 3,5%

Para economistas, redução no endividamento após mudança nos cálculos do PIB melhora a percepção de risco de investidores


PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

O novo cálculo dos números do PIB fez consultorias revisarem para cima as estimativas para o crescimento econômico em 2007, que deve atingir, ao menos, 4%.
Antes da alteração da base de dados do IBGE, a previsão dominante no mercado apontava uma taxa próxima de 3,5% neste ano. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê 4,5%.
O PIB de 2006 também deve ser inflado, estimam especialistas ouvidos pela Folha. O crescimento deve passar dos 2,9%, divulgados pelo IBGE sob a antiga metodologia, para 3,5%.
Analistas também acreditam que o país tenha se beneficiado da mudança metodológica do IBGE na mensuração do PIB, já que ela permitiu uma menor relação dívida/PIB e abriu espaço para uma melhora mais rápida da avaliação de risco do país. Ou seja, o Brasil está mais próximo de alcançar o "investment grade" -grau de investimento, para países que representam baixo risco de calote.
O PIB crescerá mais neste ano somente pelo fato de que 2006 deve ter uma expansão maior.
"Como houve uma revisão para cima dos dados mais recentes, a gente acredita que o PIB de 2006 deva aumentar para algo em torno de 3,5%. Por causa dessa revisão, o deste ano também deve subir numa proporção semelhante", afirmou Joel Bogdanski, economista do Itaú.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, a tendência é que o PIB também seja vitaminado em 2006 e em 2007 por conta da nova mensuração introduzida pelo IBGE.
O economista também aposta numa taxa de 3,5% em 2006 e de 4% neste ano. Originalmente, sua projeção era uma expansão de 3,5% neste ano.
Uma medida "mais realista" do consumo das famílias e do setor de serviços, diz, vai assegurar um crescimento maior.
Solange Srour, da Mellon Investments, também espera uma expansão próxima a 4% neste ano, apesar de ressalvar que uma projeção precisa só pode ser feita a partir do dia 28, quando o IBGE divulga os dados do PIB trimestral revisados pela nova base de informações.
A economista disse que as mudanças tornaram mais difícil fazer projeções, pois o IBGE passou a utilizar dados que somente ele possui.
Pelos dados do IBGE, o PIB de 2005 saltou de R$ 1,938 trilhão na série antiga para R$ 2,148 trilhões (+10,9%).

Risco
Tanto Srour como Vale acreditam que o PIB mais alto e a conseqüente queda da relação dívida/PIB sejam positivos para o país, ao melhorar a percepção de risco dos investidores e das agências de classificação de risco.
"É simplesmente uma mudança contábil, mas a percepção para os investidores é muito positiva. A solvência melhor [relação dívida/PIB mais baixa] e o crescimento maior [do PIB na nova série] da economia embalam qualquer investidor. E o resultado já estamos vendo com a apreciação do real, que deve se valorizar ainda mais com a entrada de recursos no país", afirmou.
Srour destacou que, ao elevar a taxa de crescimento e reduzir a vulnerabilidade externa, a mudança do cálculo do PIB ajudou a equacionar ao mesmo tempo dois problemas identificados pelas agências de rating na economia brasileira.
Ainda assim, os dois economistas não acreditam numa melhora imediata do rating para o grau de investimento, o que deve ocorrer em dois ou três anos.
O economista Francisco Pessôa, da LCA, afirmou ainda que a melhora da relação dívida PIB é positiva, mas, por outro lado, o esforço para o cumprimento da meta de superávit fiscal será maior já que o PIB foi inflado.


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