São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Americanos cedem, e BID aprova aumento de capital

Aporte de US$ 70 bi permitirá ao órgão ampliar crédito em 50%, para US$ 12 bi ao ano

EUA voltam atrás em exigências para capitalização; para Brasil, recursos serão suficientes para atender a demanda por mais três anos

DENYSE GODOY
ENVIADA ESPECIAL A CANCÚN (MÉXICO)

Os países-membros do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), uma das mais importantes instituições multilaterais do continente, aprovaram ontem, na reunião anual dos seus diretores, em Cancún (México), um aumento de US$ 70 bilhões no seu capital.
Com essa elevação de 70% no capital, o banco poderá ampliar o volume de empréstimos concedidos para US$ 12 bilhões ao ano, 50% mais que a média recente -desconsiderando 2009, quando, devido à crise, o montante de financiamentos ficou perto de US$ 16 bilhões.
Embora defendesse um novo aporte de US$ 80 bilhões -no ano passado, quando as discussões começaram, falava-se em até US$ 180 bilhões-, o Brasil viu, no final, prevalecerem as suas convicções sobre o assunto. Depois de algumas tentativas desde janeiro, os países tinham praticamente fechado um acordo. Entretanto, na sexta, os EUA apresentaram uma nova proposta de recapitalização de US$ 60 bilhões, da qual constavam 13 condições para um entendimento. O Brasil protestou, no que foi apoiado pelas demais nações, e acabou conseguindo que tais exigências fossem minimizadas.
Eram dois os principais pontos de discórdia. Um estabelecia que o BID impusesse, aos países que não tivessem com o FMI comprometimentos com metas de inflação ou de deficit fiscal, a assunção de obrigações semelhantes.
O outro determinava que somente seriam contemplados com créditos da instituição os projetos que estivessem em conformidade com determinadas regras ambientais, como previsto nas leis dos EUA.
"Cedemos, eles [EUA] cederam. Foi um processo de convencimento", disse o ministro Paulo Bernardo, representante do Brasil no BID. Para ele, os US$ 70 bilhões serão suficientes para atender as demandas da região por mais três anos.

Prioridades
Do total combinado, só US$ 1,7 bilhão precisará ser efetivamente desembolsado pelos países doadores de recursos, grupo que inclui europeus e asiáticos. O restante é um compromisso dessas nações, que serve de garantia para o BID poder captar dinheiro no mercado financeiro e emprestar. Ao Brasil caberão US$ 170 milhões, a serem pagos em cinco parcelas anuais.
"Os fundos, frutos do esforço de todos, permitirão ao banco atender suas áreas prioritárias: os países menores, a redução da pobreza, as iniciativas para enfrentar a mudança climática e a cooperação regional e a integração", disse Luis Alberto Moreno, presidente da instituição.


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