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ANO DO DRAGÃO
Alimentos e produtos oligopolizados puxam elevação do custo de vida para 0,84%; Fipe esperava menos de 0,81%
Inflação retoma trajetória de alta em SP
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação continua surpreendendo e confundindo os analistas.
Mais uma vez voltou a subir em
São Paulo. As previsões eram de
uma taxa inferior ao 0,81% registrado na primeira quadrissemana
deste mês, mas a taxa subiu para
0,84% nos últimos 30 dias terminados no dia 14. A alta fez a Fipe
(Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas) rever a previsão de
taxa de abril de 0,4% para 0,6%.
Dois itens ainda caminham na
contramão, segundo análise de
Heron do Carmo, coordenador
do Índice de Preços ao Consumidor: alimentos e preços oligopolizados. Ambos tiveram grande
participação do dólar nessa tendência de alta. Nas estimativas do
economista da Fipe, esses itens já
deveriam estar com pressões menores, o que não está ocorrendo.
Os alimentos, que tradicionalmente sobem em janeiro, mas
caem a partir de fevereiro devido
à safra, continuam em alta desde
o início do ano. O aumento médio
foi de 1,53% nos últimos 30 dias e
atingiu todos os setores da alimentação.
Até os produtos "in natura",
que ensaiaram um recuo na pesquisa anterior, voltaram a subir
(4,62%). A maior pressão continua vindo do tomate, que ficou
64% mais caro nos últimos 30 dias
e gerou inflação de 0,11%.
Os alimentos semi-elaborados,
em que estão incluídos os cereais
e as carnes, voltaram a subir.
Após queda nominal de 0,2% em
março, os preços subiram 0,4%
na primeira quadrissemana deste
mês e 0,81% na segunda.
"Todo mês a inflação tem um
vilão, e os produtos oligopolizados são os candidatos deste mês",
diz o economista da Fipe. Os produtos de limpeza subiram 2,62%,
com destaque para sabão em pó
(3,2%), sabão em barra (3,5%) e
amaciante (5,31%). Alguns desses
produtos, como o sabão em barra, já somam alta de 20% no ano.
Efeito dólar
Assim como a alta do dólar no
ano passado empurrou a inflação
para cima -e o repique da taxa
cambial no início deste ano ainda
impede uma queda maior dos
preços para os consumidores-,
o recuo atual da moeda norte-americana vai facilitar a queda da
taxa de inflação.
A queda do dólar pode dar um
novo cenário para a inflação, mas
só terá efeito sobre os preços ao
consumidor em dois meses. Nesse período, no entanto, deverão
começar as pressões das tarifas
públicas, o que poderá eliminar
os efeitos da queda do dólar.
"O câmbio é um estabilizador
de inflação. Se o dólar ficar em R$
3,00, vai contribuir para a redução
no ritmo da taxa, mas esse efeito
não é imediato", diz Heron. "O
que não pode ocorrer são oscilações bruscas na taxa, como as
ocorridas no final de 2002 e no
início de 2003", diz.
O chamado núcleo da inflação
-basicamente composto pelos
preços livres e por serviços-
preocupa, diz Heron. Ele mede
uma taxa de inflação de 1,04% para a segunda quadrissemana,
quando a inflação média de todos
os itens que compõem o índice da
Fipe é de 0,84%. "A demora na
queda do núcleo se deve aos produtos industrializados, que estão
com aumentos não justificados
para esse período do ano."
Heron do Carmo, crê, no entanto, em uma redução do núcleo inflacionário nas próximas semanas. Esse otimismo está baseado
em um novo índice que a Fipe
passa a divulgar a partir desta semana: o ponta a ponta do núcleo.
Esse novo índice -que contém
a variação de preços dos aluguéis,
vestuário, produtos industrializados e serviços privados- já mostra tendência de queda no núcleo.
O ponta a ponta divulgado ontem, que compara os preços médios da segunda semana deste
mês com os da segunda de março,
mostrou taxa de 0,5%. Já a variação quadrissemanal do núcleo,
que compara a média de preços
das últimas quatro semanas com
as quatro anteriores, subiu 1,04%.
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