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TRABALHO
Número de desempregados chega a 2 milhões na Grande SP; motivo dos cortes foi a baixa atividade econômica
Desemprego volta a bater recorde em SP
CLAUDIA ROLLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego voltou a crescer
na região metropolitana de São
Paulo e atingiu em março o nível
recorde de 20,6% da PEA (população economicamente ativa). Em
fevereiro, a taxa foi de 19,8%.
Com o índice registrado no mês
passado, o número de desempregados chegou a 2 milhões nas 39
cidades pesquisadas pela Fundação Seade e pelo Dieese -o que
equivale a dizer que um em cada
cinco trabalhadores da Grande
São Paulo está desempregado.
A taxa do mês passado é a mais
elevada já registrada para um mês
de março desde 1985, quando a
Fundação Seade e o Dieese iniciaram a pesquisa. O índice se igualou aos meses de abril, maio e setembro de 2003. Essa foi a segunda alta consecutiva do desemprego na região metropolitana.
O aumento do desemprego em
março ocorreu porque houve o
fechamento de 94 mil ocupações
-87 mil vagas só na indústria.
Como 20 mil pessoas deixaram de
procurar emprego no mês passado -saíram da PEA-, o contingente de desempregados cresceu
em 74 mil pessoas em março.
"O número de desempregados
só não foi maior porque muitas
pessoas deixam de procurar trabalho no primeiro trimestre do
ano. Em média, entre 100 mil e 120
mil pessoas, principalmente estudantes e mulheres", diz Paula
Montagner, gerente de análise da
Fundação Seade. A explicação vai
na contramão do que diz o governo -que o desemprego aumenta
porque mais pessoas voltam ao
mercado de trabalho.
O desempenho negativo da taxa
de desemprego em março já era
esperado, avalia a pesquisadora.
"Mas foi surpresa uma eliminação tão intensa de postos de trabalho", diz. Só no setor industrial
a queda no nível de ocupação foi
de 5,3% -a maior já verificada
para um mês de março.
"Com a renda em queda, não há
consumo. Isso reduz a atividade
econômica, e o mercado interno
não é capaz de sustentar os níveis
de produção da indústria. Os segmentos que tiveram desempenho
positivo estão sempre ligados à
exportação", afirma.
Os cortes de vagas foram maiores na indústria de alimentos
(queda de 16% na ocupação)
-reflexo da queda nos rendimentos- e no segmento gráfico e
de papel (-10,1%) -com o fim da
produção de material didático.
Quem mais perdeu postos na indústria foram os autônomos.
Enquanto os dados da Fundação Seade e do Dieese apontam
para fechamento de vagas em
março nos setores privado e público (foram 23 mil vagas cortadas
nesse último), as pesquisas da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostram a
criação de vagas porque só levam
em conta o setor privado do mercado formal de trabalho.
"Os assalariados com carteira
do setor privado, que é o que mede o Caged, representam 40,6%
do total de trabalhadores ocupados da região metropolitana de
São Paulo", diz a gerente. No caso
da Fiesp, são coletadas informações de 47 sindicatos patronais.
No setor de serviços foram eliminadas 27 mil vagas, e no comércio, 15 mil. Já nos serviços domésticos e na construção civil foram abertas 35 mil vagas.
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