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PIB do Brasil cairá 1,3% neste ano, prevê FMI
Para o Fundo, país será afetado por freada global e pela queda no preço das commodities; mundo também deve ter recessão de 1,3%
Se confirmada a previsão, economia brasileira deverá ter a 1ª contração desde 92; recuperação é esperada apenas para o próximo ano
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário
Internacional) previu ontem
que o Brasil encerrará 2009
com uma contração de 1,3% em
sua economia. O Fundo justificou a projeção afirmando que o
país sofrerá mais neste ano os
impactos da desaceleração global, principalmente por conta
da queda nos preços das commodities que exporta.
Para o Fundo, a economia
brasileira só se recuperará em
2010, ano em que será eleito o
sucessor do presidente Lula,
quando o país poderá crescer
2,2%. No ano passado, o Brasil
cresceu 5,1%. Em 2007, 5,7%.
A última vez em que a economia brasileira encolheu foi em
1992, quando o PIB caiu 0,5%.
Em 1990, porém, houve retração ainda maior que a prevista
pelo FMI, de 4,3%. Ela foi gerada pelos efeitos do chamado
Plano Collor, choque econômico que incluiu o congelamento
dos depósitos na poupança.
"Vemos alguns sinais de recuperação [no Brasil] no primeiro trimestre do ano, em
parte porque o governo está
utilizando estímulos fiscais e
sendo agressivo na redução dos
juros. Isso é positivo e deve
amenizar os choques externos.
Mas nossa visão global é que o
Brasil será afetado. Não porque
esteja particularmente fraco,
mas porque é um participante
importante da economia mundial", afirmou Charles Collins,
diretor-adjunto do Departamento de Pesquisas do FMI.
O Fundo vê a economia mundial se contraindo 1,3% neste
ano, quase dois pontos percentuais a mais do que previsão feita em janeiro. Já o corte na projeção anterior para o Brasil foi
de 3,1 pontos percentuais.
Em relatório divulgado ontem, o FMI justifica a contração em vários países produtores de commodities com uma expectativa de queda nos preços desses produtos de 46,4%
neste ano -e de uma contração
no comércio mundial de 11% (a
maior no pós-Segunda Guerra).
"Além disso, a forte queda na
atividade econômica nos países
avançados, especialmente nos
EUA, o maior parceiro comercial da América Latina, está deprimindo a demanda externa e
diminuindo as receitas com exportações, turismo e remessas
[de dólares]", diz o relatório.
Na média, entre os nove países da América do Sul (e México) monitorados pelo FMI, a
contração prevista é de 1,6%.
A boa notícia para o Brasil é
que o Fundo afirma que o mercado financeiro tem feito uma
"diferenciação" entre os tomadores de empréstimos.
"O custo financeiro aumentou substancialmente para alguns países [como Argentina,
Venezuela e Equador], mas se
mantém relativamente baixo
para outros mais bem posicionados, como Brasil, Chile, Colômbia e México", diz o FMI.
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