São Paulo, sexta-feira, 23 de abril de 2010

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Plataformas custarão US$ 75 bi à Petrobras

Esse é o investimento previsto por José Sergio Gabrielli, presidente da estatal, para construir 25 novos navios-plataforma

Presidente da estatal disse que a capitalização da empresa será feita neste ano, mesmo que a União não participe do processo

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A Petrobras terá de investir ao menos US$ 75 bilhões na construção de 25 novos navios-plataforma para produção e estocagem de petróleo em alto-mar para fazer frente à necessidade de ampliar a capacidade de extração de óleo até 2020, disse à Folha o presidente da estatal, José Sergio Gabrielli.
A estimativa leva em conta a previsão de produção de 3,8 milhões de barris/dia em 2020 -dos quais 2 milhões vão apenas compensar o declínio natural dos campos já em operação. Hoje, a estatal produz 2 milhões de barris/dia no país.
Quase metade dessas plataformas será destinada ao pré-sal da bacia de Santos -responsável por 1,8 bilhão de barris/dia de produção em 2020.
Diante da necessidade de pesados investimentos, diz Gabrielli, a Petrobras foi obrigada a mudar toda a sua lógica de contratações de plataformas e buscar a redução de custos.
A estatal decidiu deixar de fazer projetos "sob encomenda" e passou a adotar a contratar em grandes blocos.
Antes, a Petrobras comprava um navio, mandava reformular o casco e encomendava módulos de geração de energia, produção e separação de óleo, compressão de gás e outros a serem adaptados a esse casco.
Agora, todos os cascos e equipamentos serão padronizados e contratados em blocos a estaleiros e outros fornecedores.
"Vamos fazer em série com um padrão único. Isso vai reduzir muito os custos", disse Gabrielli, sem revelar de quanto será a economia.
Os primeiros oito cascos serão feitos pela empreiteira W Torre, no estaleiro Rio Grande (RS). O valor não foi revelado, mas um navio-plataforma completo custa entre US$ 2 bilhões e US$ 3 bilhões.
Gabrielli disse não acreditar que contratos maiores com uma única empreiteira vá criar obstáculos junto ao TCU -que viu indícios de superfaturamento nas obras do Comperj, do gasoduto Coari-Manaus e na refinaria Abreu e Lima (PE).
Segundo ele, o tribunal avalia as obras da estatal com parâmetros "inadequados" à indústria do petróleo ao utilizar, por exemplo, dados de estradas para serviços de terraplanagem. "O TCU analisa com a mesma severidade despesas [de empregados] com um ovo cozido em hotéis e grandes projetos [de plataforma e gasodutos.]"

Capitalização
Gabrielli afirmou ainda que, mesmo sem a participação da União, a capitalização da companhia será realizada neste ano com o objetivo de evitar a perda do grau de investimento.
Disse ainda que, enquanto ela não for realizada, a estatal não assumirá novas dívidas -captação de recursos no exterior, empréstimo do BNDES ou qualquer outro mecanismo.
A capitalização será feita, diz, não porque a empresa "tem problemas de caixa de curto prazo", mas para manter a relação entre a dívida e o capital total da companhia na casa de 35% -padrão das empresas com grau de investimento.
Atualmente, a relação é de 31%, mas subirá dada a necessidade de ampliar o endividamento para fazer frente aos investimentos previstos neste ano -US$ 88 bilhões.
Pelo projeto no Congresso, a União cederá reservas não licitadas do pré-sal em troca de ações da empresa.

Eleições
Ao falar pela primeira vez sobre as eleições presidenciais, Gabrielli disse que "todos os candidatos vão ter de se posicionar sobre a Petrobras, a favor ou contra os projetos que estão sendo apresentados".
Filiado ao PT, Gabrielli disse que o candidato da oposição José Serra (PSDB) "conhece menos" as oportunidades que a exploração de petróleo na camada pré-sal podem trazer para a sociedade do que sua adversária do PT, Dilma Rousseff.
Para Gabrielli, a candidata do PV, Marina Silva, também vai tratar do tema, "dados os potenciais impactos ambientais".

FOLHA ONLINE
Leia a íntegra da entrevista com Gabrielli
www.folha.com.br/1011217



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