|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TROCA DE COMANDO
Secretário-executivo da Camex deixa o cargo devido a divergências com o ministro Sergio Amaral
Especialista em café substituirá Giannetti
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do Desenvolvimento, Sergio Amaral, confirmou ontem a saída do governo do secretário-executivo da Camex (Câmara de Comércio Exterior), Roberto Giannetti da Fonseca. Amaral
aceitou o pedido de demissão de
Giannetti, apresentado há duas
semanas.
Robério Oliveira Silva, que trabalhou com o ministro na Organização dos Países Produtores de
Café, em Londres, vai substituir
Giannetti a partir do dia 6 de junho. Amaral e Giannetti admitiram que houve divergências entre
os dois durante os dez meses em
que trabalharam juntos, mas a
alegação oficial para a saída de
Giannetti foram razões pessoais.
"Temos diferenças de estilo e de
tipos de experiência", disse Amaral, que reforçou que essa não foi a
razão da saída de Giannetti. "Foram os anos mais ativos e de
maiores realizações. Foi o período
áureo da Camex e digo isso de forma insuspeita porque fui o primeiro secretário da Camex."
Indicado pelo ex-ministro do
Desenvolvimento Alcides Tápias,
Giannetti permaneceu no cargo
durante dois anos e cinco meses.
Durante esse período enfrentou
divergências com o Ministério da
Fazenda e com a Receita Federal
para implementar medidas para
aumentar as exportações. Essas
mesmas divergênciaS levaram à
demissão de Tápias.
Em dezembro de 2000, um enfrentamento entre Tápias e o secretário da Receita, Everardo Maciel, por causa de uma medida sugerida por Giannetti, levou o secretário a acompanhar Tápias em
sua ameaça de sair do governo.
Desta vez, porém, não foram as
discordâncias com a área fiscal
que causaram a ruptura, mas diferenças de estilo entre Giannetti e
Amaral, segundo fontes do governo e do setor privado.
"Houve discordâncias entre
nós, mas foram públicas, e as concordâncias foram em maior número", disse Giannetti. Ele admitiu que causou desconforto no
ministério por ter "falado demais". "Mas minha incontinência
oral foi para o bem do país e acertei em minhas previsões, portanto
não causei nenhum mal."
Amaral desautorizou Giannetti
em duas ocasiões. Em dezembro,
quando o secretário desaconselhou exportadores a aceitarem
cartas de crédito da Argentina por
causa da eminência de calote, e
em março, quando Giannetti disse que o setor siderúrgico pedia
aumento do Imposto de Importação para aumentar os preços.
Giannetti disse que vai continuar a dar apoio ao seu sucessor
durante a quarentena -período
de quatro meses em que não poderá trabalhar na mesma área do
setor privado por ter participado
do governo.
Fontes do setor privado disseram que o secretário negocia com
o grupo Votorantim. Giannetti
também afirmou que vai prestar
qualquer assessoria em termos de
comércio exterior ao pré-candidato do governo à Presidência, José Serra. "Sou amigo dele desde
que ele não era nada", afirmou.
Se eleito, Serra deverá criar um
ministério voltado ao comércio
externo. Giannetti não negou que
possa aceitar um eventual convite
de Serra, caso ele ganhe as eleições, mas disse que falar sobre o
assunto seria mera especulação.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Argentina e Brasil se unem contra subsídio dos EUA Índice
|