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São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2003

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Presidente do BC afirma que não vê críticas nas declarações do vice, por quem diz que tem muito respeito

BC é competente, diz Meirelles a Alencar

Lula Marques/ Folha Imagem
Henrique Meirelles, do BC, que comentou as críticas do vice


Alan Marques/ Folha Imagem
José Alencar, vice-presidente da República, que criticou o BC


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, respondeu ontem as críticas feitas pelo vice-presidente, José Alencar, que chegou a pôr em dúvida na terça-feira "a competência" do BC para conduzir a política monetária.
Primeiro, Meirelles disse que não havia entendido as declarações do vice-presidente como uma crítica ao trabalho realizado pelo BC, mas sim como um apelo pela redução dos juros.
"Na leitura cuidadosa das declarações [de Alencar], o que existe é algo um pouco diferente, é quase um chamamento, um apelo no sentido de que se trabalhe pela redução dos juros no longo prazo. Francamente, não entendi nenhuma crítica nesse sentido [de falta de competência do BC]", disse Meirelles, em resposta a perguntas feitas por jornalistas sobre se a saída do diretor de Política Econômica do BC, Ilan Goldfajn, estava relacionada às críticas feitas por Alencar.
Depois, Meirelles disse que a competência do BC se media "pelo cumprimento de sua função básica, o controle da inflação".
"Não nos compete decidir se autoridades devem ou não devem falar sobre cada assunto. O BC tem de estar preparado para estar no centro das discussões sobre política monetária. Tem que entender tudo isso com absoluta naturalidade. Não há unanimidade em nenhum setor do país, da política, da economia, do esporte."
No final, Meirelles contemporizou. Disse que em "relação a isso [às críticas à condução da política monetária], nossa posição é de serenidade, de tranquilidade".
Anteontem, depois de o Copom (Comitê de Política Monetária) ter anunciado que manteria os juros básicos da economia em 26,5% ao ano, o vice-presidente voltou a contestar a ação do BC. "Sempre critiquei, a minha vida inteira. Acho que as críticas contribuem. Tenho compromisso com a minha história de vida."
Na ocasião, Alencar afirmou ainda que manterá suas opiniões enquanto estiver na política. "O dia em que eu perder minha coragem, peço desculpas e volto para casa." Segundo ele, uma taxa de 17,5% iria satisfazer o mercado.
Meirelles negou que a saída de Goldfajn tenha sido motivada pelas críticas de Alencar.
Questionado se estava incomodado com as declarações de Alencar, Goldfajn respondeu que não tinha "problema de relacionamento" com ele. "Tenho respeito pelo vice-presidente. O que fizemos foi manter o calendário [de sua saída] em vez de postergá-lo. Faz parte do trabalho do Banco Central lidar com as discussões da sociedade."


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