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FOLHAINVEST
DINHEIRO VERDE
Papéis criados por nova lei diversificam financiamento ao setor agrícola e podem compor carteira de fundos
Novo título injeta crédito no agronegócio
SILVANA MAUTONE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Neste ano, um novo tipo de papel passou a poder compor as carteiras dos fundos de investimento
e de previdência: os títulos lastreados no agronegócio, criados
pela Lei 11.076, de 30/12/2004. O
objetivo do governo, ao autorizar
a emissão desses papéis, foi reduzir a dependência dos produtores
do crédito oficial.
A lei prevê a criação de vários
papéis. Até agora, o
único que foi lançado é a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio),
lastreada em CPRs (Cédulas de
Produto Rural), que existem no
mercado desde 1994.
A CPR é um título usado pelo
produtor para financiar os custos
de desenvolvimento da sua lavoura ou criação, as quais oferece como garantia. Dessa forma, ele obtém crédito a taxas inferiores às
cobradas no mercado.
Apenas os bancos podem emitir
LCAs, que funcionam como um
tipo de "CDB do agronegócio". O
Banco do Brasil, principal financiador do setor rural no país, foi o
pioneiro. Em 1º de março, ele realizou o primeiro leilão, ofertando
R$ 10 milhões em LCAs. Até o final de abril, somando os resultados dos cinco primeiros leilões, a
captação foi de R$ 56,5 milhões.
Os papéis podem ser comprados diretamente por pessoas físicas, além de investidores institucionais, como "assets managements" e tesourarias de bancos e
empresas. O valor dos lotes mínimos do BB, porém, ainda são altos para o pequeno investidor: R$
100 mil. O valor máximo chega a
R$ 5 milhões. Os prazos de vencimento variam de três a seis meses.
Segundo José Carlos Vaz, gerente-executivo de Agronegócios do
BB, neste primeiro semestre os
leilões de LCAs estão servindo para testar o mercado e verificar a
receptividade e a demanda desses
papéis. A partir de julho, os prazos devem ser mais diversificados, assim como o valor dos lotes.
"Devemos oferecer títulos com
prazos a partir de 30 dias, podendo talvez chegar a 240 dias, período mais próximo do ciclo da agricultura, que é de nove meses",
afirma Vaz.
Em julho, devem ser ofertados
lotes a partir de R$ 10 mil, possibilitando, assim, que o pequeno investidor tenha acesso diretamente
a esse mercado. Os clientes pessoa
física do BB poderão comprar essas LCAs na própria rede de agências ou pelo serviço de Internet
Banking, enquanto os demais investidores poderão fazê-lo por
meio de leilões em Bolsas.
As LCAs do BB são lastreadas
em CPRs que fazem parte da carteira do banco, emitidas por clientes que são produtores rurais. Da
forma que esses títulos foram estruturados pela instituição, o risco de crédito das LCAs é o do próprio Banco do Brasil. Do ponto de
vista do investidor, o BB é o devedor que assume honrar o pagamento no dia do vencimento.
De acordo com Vaz, a rentabilidade média das LCAs para o investidor tem sido de 100,8% do
CDI (Certificado de Depósito Interbancário), que é a média dos
juros praticados nos empréstimos
entre os bancos.
Além do BB, apenas o Banco Fibra lançou até agora LCAs no
mercado. Elas também são lastreadas em CPRs. No caso do Fibra, que é um banco menor e não
é um tradicional financiador do
setor de agronegócios, a exemplo
do BB, cada operação de LCA tem
sido montada com base em emissões de CPR fechadas com um
único produtor rural. São as chamadas "operações estruturadas",
elaboradas caso a caso.
A primeira negociação desses
papéis, feita no mercado de balcão, via Cetip (Câmara de Custódia e Liquidação), aconteceu na
segunda semana de abril, no valor
de R$ 5 milhões, lastreada em
CPRs de uma empresa de gado de
corte de Goiânia (GO).
O prazo é de seis meses o vencimento é em outubro. "A rentabilidade é de cerca de 105% do CDI",
diz Moacir Teixeira, diretor de
Agronegócios do Fibra. Mais da
metade dos títulos foi comprada
por um banco estrangeiro.
A próxima operação será lastreada em CPRs de açúcar, no valor de R$ 9 milhões. "Como o prazo dos títulos é mais longo, de um
a três anos, a rentabilidade deve
ficar em cerca de 110% do CDI",
diz Teixeira. As LCAs do Fibra,
têm a garantia de um seguro.
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