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Mantega descarta mudança "exótica" no câmbio e diz que medidas serão restritas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As medidas de ajuste na política cambial em estudo na equipe econômica serão mais restritas do que esperam empresários e analistas. O que o governo estuda é um instrumento alternativo que beneficiaria só algumas empresas.
Ontem, ao descartar mudança "exótica" como a adoção de
um prazo mínimo para aplicações estrangeiras no país (quarentena) ou uma taxa de câmbio artificial para um setor determinado, o ministro Guido
Mantega (Fazenda) disse que
não pretende acabar de vez
com a exigência de os exportadores trazerem para o país os
dólares recebidos pelas vendas
externas dentro de um prazo
máximo de 210 dias, a chamada
cobertura cambial.
"O que estou propondo é
uma medida mista: você mantém a cobertura cambial, mas
abre a possibilidade de que algumas empresas que possuem
um intercâmbio grande de
moeda forte -que exportam,
mas importam também- possam manter uma parte das operações fora do Brasil."
Na avaliação dele, o projeto
sobre o assunto em tramitação
no Congresso Nacional, que foi
encampado pelo empresariado
por meio da Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo), é "amplo demais, declara o fim da cobertura cambial"
e "abre muito a economia" ao
permitir, por exemplo, conta
em dólar em bancos brasileiros.
"Sou contra. Teremos que
entrar com outro projeto de lei
ou uma MP [medida provisória]. Primeiro vamos ver exatamente o conteúdo para, depois,
a forma de encaminhá-lo", argumentou o ministro, ao destacar que a permissão para abertura de contas em dólares criaria "dois regimes monetários" e
dificultaria o controle por parte
do Banco Central. Mantega disse ainda que aumentar simplesmente o prazo atual para o
ingresso dos recursos recebidos com exportações não resolveria o problema.
O governo está preocupado
com o que considera uma excessiva valorização do real por
causa do forte ingresso de moeda estrangeira, conseqüência
dos sucessivos recordes de exportações. A intenção da equipe econômica é encontrar formas alternativas para atenuar
esse impacto, já que as compras
de dólares pelo BC e pelo Tesouro têm tido efeito limitado.
O fim da cobertura cambial
tem sido apontado como um
instrumento importante nesse
sentido, segundo os empresários. No entanto, há divergências sobre isso até dentro do governo. Para técnicos da área
econômica, a medida seria eficiente para reduzir custos das
grandes empresas que exportam e também importam grandes quantias.
Isso porque, hoje, elas são
obrigadas a trazer os recursos
para o Brasil e depois remetê-los novamente para pagar as
importações.
"O governo não cogita de forma nenhuma mexer no câmbio
flutuante. Sempre fui crítico de
políticas exóticas em relação ao
câmbio e continuo com a mesma visão."
Para o ministro, a volatilidade no mercado cambial nos últimos dias é fruto de ajuste no
cenário norte-americano.
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