São Paulo, terça-feira, 23 de maio de 2006

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Juro futuro sobe e põe em dúvida queda da taxa Selic

Papel com vencimento em janeiro fecha a 15,37%

DA REPORTAGEM LOCAL

A elevação das projeções futuras para os juros brasileiros trouxe dúvidas no que se refere às próximas decisões do Copom. Ontem, os juros futuros não escaparam do mau dia que afetou os negócios em todo o mundo e fecharam em alta em todos os contratos.
O papel DI -Depósito Interfinanceiro, que mostra as projeções futuras para os juros- mais negociado, que vence em janeiro de 2008, fechou ontem com taxa de 15,37%. No dia 10, esse contrato pagava taxa de 14,67%. Na sexta-feira, havia fechado a 15,10%.
A elevação dos juros na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) mostra que os investidores já não vêem com tanta tranqüilidade a continuidade do processo de queda da taxa básica.
A taxa básica da economia, a Selic, está em 15,75% anuais. Segundo projeções do mercado colhidas em pesquisa periódica realizada pelo Banco Central, a Selic pode chegar ao fim de 2006 em 14% anuais.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária do BC) está marcada para os dias 30 e 31 deste mês. Por enquanto, analistas não afirmam que o Copom irá deixar de reduzir os juros básicos, nessa que será sua última reunião no primeiro semestre.
A grande dúvida é se, com as chances de os juros seguirem em alta nos Estados Unidos -preocupação que tem feito com que investidores vendam ativos de emergentes-, o Copom encontrará espaço para manter o processo de corte da taxa básica brasileira.
Ao menos por enquanto, o mercado futuro de juros não mostra mudança drástica nas apostas para o Copom. Os investidores se dividem entre a expectativa de um corte de 0,50 ponto percentual e um de 0,75 ponto.
No contrato DI que vence no próximo mês, a taxa subiu de 15,31% na sexta-feira para 15,36% ontem.

Comentários de peso
Ontem, o diretor-gerente do FMI (Fundo Monetária Internacional), Rodrigo de Rato, disse que o Fed (o banco central dos EUA) pode precisar elevar mais a taxa básica norte-americana, dependendo da evolução das condições econômicas nos Estados Unidos.
Richard Fisher, presidente do Fed regional de Dallas, afirmou que a inflação americana ainda está muito alta e que o Fed tem cerca de um mês para avaliar o impacto da atual política monetária.
Esses comentários foram apontados pelos analistas como os principais pontos que desestabilizaram o mercado internacional ontem.
Uma redução mais forte dos juros brasileiros, acompanhada de uma elevação das taxas nos EUA e nos países desenvolvidos, poderia espantar ainda mais os investidores estrangeiros do mercado local.
Por isso, mesmo que o Copom cumpra o esperado e corte a Selic em sua reunião da próxima semana, a continuidade desse processo de redução poderia estar comprometida.
A alta recente do dólar diante do real também pode prejudicar o ciclo de queda dos juros brasileiros, pois a pressão cambial acaba por ser repassada aos índices de preços.


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