São Paulo, sexta-feira, 23 de maio de 2008

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Com o petróleo em alta, Ford vê cenário pior nos Estados Unidos

DA REDAÇÃO

A Ford disse ontem que deve diminuir sua produção de veículos nos Estados Unidos e que não espera mais retornar a operar no azul já no ano que vem. A explicação, de acordo com a montadora, são os altos preços do barril de petróleo.
Um dos problemas da empresa é que boa parte da sua produção ainda é formada por carros grandes, como picapes e SUVs (utilitários esportivos), que consomem muita gasolina e estão afastando cada vez mais os consumidores devido aos aumentos do preço do combustível e à desaceleração da economia dos Estados Unidos.
A montadora, que não descartou novas demissões de funcionários e fechamento de fábricas, disse que espera que o preço da gasolina continue alto no ano que vem e que irá priorizar a fabricação de veículos mais econômicos.
Agora ela também diz que as mudanças no gosto do consumidor americano é algo estrutural, e não cíclico. "Nós vimos uma mudança real na demanda da indústria por picapes e utilitários nas primeiras duas semanas deste mês", afirmou o presidente-executivo da Ford, Alan Mulally. "Parece que chegamos a um momento crucial."
A terceira maior montadora mundial, atrás de General Motors e Toyota, afirmou que pretende reduzir sua produção na América do Norte em 15% neste trimestre, de 15% a 20% nos três meses seguintes e entre 2% e 8% de outubro a dezembro -a maior parte dos cortes será na fabricação de picapes e SUVs. Ela também disse que pretende acelerar seu plano de introduzir nos Estados Unidos carros menores fabricados na Europa ou na América do Sul.
A empresa, que ganhou US$ 100 milhões no primeiro trimestre do ano (depois de perder mais de US$ 15 bilhões entre 2006 e 2007), falou que, com o panorama da economia americana, espera ficar zerada no ano que vem -a expectativa anterior era que ela voltasse a lucrar já em 2009.
A alta dos preços do petróleo tem produzido efeitos negativos em outras grandes companhias globais. A Air France-KLM disse que seu lucro neste ano pode ser um terço do esperado e que pode ocorrer uma profunda reestruturação na aviação mundial devido à "explosão" na cotação do petróleo.
Anteontem, a American Airlines, a maior companhia aérea dos Estados Unidos, anunciou que passará a cobrar US$ 15 de passageiros pelo transporte de bagagens, serviço que antes era gratuito.
A cotação do barril de petróleo teve ontem a sua primeira queda após cinco sessões seguidas de alta. A commodity chegou a valer mais de US$ 135 no início das operações da Bolsa de Nova York, mas terminou o dia valendo US$ 130,81, quase US$ 3 menos do que no pregão anterior. Em Londres, o preço do barril caiu mais de US$ 2 em relação à sessão de quarta e encerrou as negociações cotado a US$ 130,51.


Com agências internacionais


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