São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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MERCADOS E SERVIÇOS

Maior parte foi paga pelas pessoas físicas por causa da tabela sem reajuste e pela alíquota de 27,5%

Leão mordeu mais R$ 9,1 bi de IR em 2001

MARCOS CÉZARI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os contribuintes brasileiros (pessoas físicas e empresas) pagaram mais R$ 9,1 bilhões de Imposto de Renda ao fisco em 2001. O valor equivale quase à receita prevista com a CPMF (imposto do cheque) durante um semestre.
Esse número consta do estudo "Carga Tributária no Brasil -2001", preparado pela Coordenação Geral de Política Tributária da Secretaria da Receita Federal.
Segundo o estudo, no ano passado a carga tributária no país atingiu o recorde de 34,36% do PIB (Produto Interno Bruto), avançando 5,88% em termos reais sobre os 32,95% de 2000.
Em valores, os brasileiros entregaram R$ 406,87 bilhões aos governos federal, estaduais e municipais no ano passado, contra R$ 358,02 bilhões em 2000. Um avanço de 13,64% -ou mais R$ 48,85 bilhões. Os R$ 9,1 bilhões do IR representaram 18,63% desse montante.

Tabela congelada
O principal fator para esse aumento de transferência de dinheiro dos contribuintes para a Receita Federal foi a manutenção da tabela de desconto do IR na fonte sem correção. A tabela ficou congelada por seis anos seguidos (de 1996 a 2001, inclusive).
Isso fez com que contribuintes antes isentos passassem a pagar imposto (pelo fato de terem aumento salarial, ainda que com base apenas nas taxas de inflação).
Além desse, outro fator contribuiu para o aumento da retenção do imposto na fonte: parte dos que estavam na faixa de 15%, ao terem aumento salarial, pularam para a de 27,5%, pagando um pouco mais a cada mês.
Finalmente, a manutenção da alíquota de 27,5% por mais três anos (estava prevista para vigorar apenas em 1998 e em 1999, mas foi prorrogada até o final deste ano) também ajudou a aumentar a mordida do leão.
Segundo o estudo, o maior aumento (14,69% reais, ou R$ 6,26 bilhões) foi na receita do IR retido na fonte, que inclui tanto a arrecadação sobre o trabalho assalariado (pessoas físicas) como sobre os ganhos no mercado de capitais (pessoas físicas e jurídicas).
A receita sobre os ganhos de capital aumentou R$ 3,70 bilhões, principalmente por causa da tributação sobre as aplicações de renda fixa e as operações de "swap" (troca de índices).
"O cenário de incerteza, com forte volatilidade nos mercados cambial e acionário, determinaram a preferência dos agentes econômicos por essas modalidades de aplicações", diz o estudo.



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