São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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Marfrig afirma que vai recusar gado de áreas desmatadas

Ação deve se concentrar em MT, onde programa prevê a regularização de 144 mil propriedades

RODRIGO VARGAS
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CUIABÁ

O grupo Marfrig, um dos maiores exportadores de carne do país, anunciou ontem que não vai mais adquirir e abater bois oriundos de áreas de novos desmatamentos na Amazônia.
O anúncio foi feito em Cuiabá, em reunião de diretores da empresa com o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR). Segundo nota do Marfrig, o objetivo é a busca de "uma solução de desenvolvimento sustentável para a pecuária".
O Marfrig diz que já segue as determinações de não comprar gado de fazendas embargadas pelo Ibama na região ou que estejam na lista "suja" da exploração do trabalho escravo.
"A empresa compromete-se a trabalhar em parceria com os governos estaduais e em especial com o do Estado de Mato Grosso no Programa MT Legal e com a sociedade brasileira no desenvolvimento de um Programa de Garantia de Origem dos Animais", diz a nota.
No dia 11, Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart anunciaram suspensão da compra de carne de 11 frigoríficos apontados como compradores de gado de áreas de desmate na Amazônia.
O Marfrig tem duas unidades de abate bovino em Mato Grosso, com capacidade total de quase 4.000 cabeças por dia.
"O Marfrig excluirá de sua lista de fornecedores a totalidade das fazendas pertencentes a proprietários que tiverem uma única fazenda embargada e até que sua situação se encontre regular", afirma a nota.
O MT Legal prevê a regularização ambiental de 144 mil propriedades rurais.
"A entrada do produtor no MT Legal significará que, a partir desse momento, ele cumpre com todas as normas ambientais e, portanto, poderá comercializar normalmente sua produção", disse Maggi.
O governador afirmou que a adoção da medida pela empresa era discutida há seis meses.
Em nota, a Associação dos Criadores de Mato Grosso disse apoiar "toda e qualquer ação de combate ao desmatamento ilegal", mas defendeu a "identificação" dos responsáveis para evitar "injustiças". "Não vamos aceitar que o produtor que cumpre a lei ambiental seja discriminado", disse o presidente da associação, Mário Candia.
A assessoria do grupo JBS-Friboi disse que a empresa já adota critérios semelhantes "há muito tempo". O grupo Margen, segundo sua assessoria, não tem unidades de abate na região amazônica.


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