São Paulo, quarta, 23 de julho de 1997.



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ALUGUEL
Para cada contrato novo há uma devolução, contra dois por uma no ano passado, mostra pesquisa do Creci
Inquilinos devolvem mais imóveis em SP

OSCAR RÖCKER NETTO
da Reportagem Local

As imobiliárias de São Paulo registraram no primeiro semestre deste ano, em média, uma devolução de imóvel alugado para cada novo contrato de locação. Ao longo do ano passado, a média era de uma devolução para cada dois novos contratos de aluguel.
A informação é de Roberto Capuano, 50, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis, São Paulo), com base em pesquisa realizada pela própria entidade.
Segundo ele, a devolução excessiva é um dos principais motivos para o aumento do número de ofertas de locação em São Paulo.
A imobiliária Selo, por exemplo, que atua na zona norte de São Paulo, fechou 51 novos contratos e recebeu 49 imóveis de volta no mês de maio.
"Por isso, estamos batalhando com os proprietários pela redução do preço do aluguel", afirma Capuano.
Segundo dados da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo), existem hoje na capital paulista 10.300 imóveis para locação, número recorde de unidades desde que a entidade começou esse levantamento, em março de 94.
Há um ano, em julho de 96, por exemplo, havia em São Paulo 7.400 imóveis para aluguel.
A maior concentração de ofertas, entretanto, fica reservada aos imóveis com aluguel de valor superior a R$ 1.000, provocando maior disputa pelos imóveis de menor valor.
Para o presidente do Creci, o aumento da oferta é sinal de problemas sociais.
"É como um 'jogo de cadeira', o pessoal de baixa renda vai sendo empurrado para favelas e cortiços. O aumento da oferta está longe de ser boa notícia. Alguém no final da fila está mal", afirma Capuano.
Para ele, o peso do aluguel em relação ao salário força a devolução do imóvel. Quem aluga uma casa por R$ 800, por exemplo, está buscando outra de valor em torno de R$ 500, explica o presidente do Creci-SP.
Preços caem
O número alto de ofertas fez com que o preço dos imóveis baixasse ao longo do primeiro semestre.
Os imóveis localizados em bairros de padrão médio e médio-baixo de São Paulo foram os mais beneficiados pela redução.
Todos os tipos de imóveis apresentaram redução de preço nessas regiões, segundo pesquisa do Creci-SP.
Na zona classificada como C pela pesquisa, houve redução de 23,22%. Ela inclui bairros como Bela Vista, Butantã, Mooca, Saúde e Santa Cecília -um apartamento quarto/cozinha, por exemplo, passou de R$ 397,14 para R$ 317,50.
A variação ocorre de acordo com a região e o tipo de imóvel. O Creci não faz uma média da cidade.
Apartamentos de três dormitórios em bairros de periferia, como Itaquera e Ermelino Matarazzo, aumentaram 33,45%, enquanto os apartamentos de um dormitório na mesma região tiveram queda de 26,71% dos preços.
Na zona A -com bairros de alto padrão, como Alto de Pinheiros e Jardim Paulista-, o aluguel de apartamentos de um dormitório permaneceu estável no primeiro semestre. Já os de dois dormitórios aumentaram 12,34%, e os de três caíram 7,8%.
Além do alto volume de ofertas, também há "gordura" a ser queimada nos aluguéis. Segundo Roberto Capuano, os preços devem continuarem caindo. "Os preços estão 50% acima da média histórica. Em imóveis mais caros chegam a ser o dobro."
A valor histórico de aluguel é 0,4% do valor de venda para imóveis de altíssimo padrão, 0,6% para os de três dormitórios; 0,8% para os de dois; e 1% para os de um dormitório.



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