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ALUGUEL
Para cada contrato novo há uma devolução, contra dois por uma no ano passado, mostra pesquisa do Creci
Inquilinos devolvem mais imóveis em SP
OSCAR RÖCKER NETTO
da Reportagem Local
As imobiliárias de São Paulo registraram no primeiro semestre
deste ano, em média, uma devolução de imóvel alugado para cada
novo contrato de locação. Ao longo do ano passado, a média era de
uma devolução para cada dois novos contratos de aluguel.
A informação é de Roberto Capuano, 50, presidente do Creci-SP
(Conselho Regional de Corretores
de Imóveis, São Paulo), com base
em pesquisa realizada pela própria
entidade.
Segundo ele, a devolução excessiva é um dos principais motivos
para o aumento do número de
ofertas de locação em São Paulo.
A imobiliária Selo, por exemplo,
que atua na zona norte de São Paulo, fechou 51 novos contratos e recebeu 49 imóveis de volta no mês
de maio.
"Por isso, estamos batalhando
com os proprietários pela redução
do preço do aluguel", afirma Capuano.
Segundo dados da Aabic (Associação das Administradoras de
Bens Imóveis e Condomínios de
São Paulo), existem hoje na capital
paulista 10.300 imóveis para locação, número recorde de unidades
desde que a entidade começou esse
levantamento, em março de 94.
Há um ano, em julho de 96, por
exemplo, havia em São Paulo
7.400 imóveis para aluguel.
A maior concentração de ofertas, entretanto, fica reservada aos
imóveis com aluguel de valor superior a R$ 1.000, provocando
maior disputa pelos imóveis de
menor valor.
Para o presidente do Creci, o aumento da oferta é sinal de problemas sociais.
"É como um 'jogo de cadeira', o
pessoal de baixa renda vai sendo
empurrado para favelas e cortiços.
O aumento da oferta está longe de
ser boa notícia. Alguém no final da
fila está mal", afirma Capuano.
Para ele, o peso do aluguel em
relação ao salário força a devolução do imóvel. Quem aluga uma
casa por R$ 800, por exemplo, está
buscando outra de valor em torno
de R$ 500, explica o presidente do
Creci-SP.
Preços caem
O número alto de ofertas fez com
que o preço dos imóveis baixasse
ao longo do primeiro semestre.
Os imóveis localizados em bairros de padrão médio e médio-baixo de São Paulo foram os mais beneficiados pela redução.
Todos os tipos de imóveis apresentaram redução de preço nessas
regiões, segundo pesquisa do Creci-SP.
Na zona classificada como C pela
pesquisa, houve redução de
23,22%. Ela inclui bairros como
Bela Vista, Butantã, Mooca, Saúde
e Santa Cecília -um apartamento
quarto/cozinha, por exemplo,
passou de R$ 397,14 para R$
317,50.
A variação ocorre de acordo com
a região e o tipo de imóvel. O Creci
não faz uma média da cidade.
Apartamentos de três dormitórios em bairros de periferia, como
Itaquera e Ermelino Matarazzo,
aumentaram 33,45%, enquanto os
apartamentos de um dormitório
na mesma região tiveram queda de
26,71% dos preços.
Na zona A -com bairros de alto
padrão, como Alto de Pinheiros e
Jardim Paulista-, o aluguel de
apartamentos de um dormitório
permaneceu estável no primeiro
semestre. Já os de dois dormitórios
aumentaram 12,34%, e os de três
caíram 7,8%.
Além do alto volume de ofertas,
também há "gordura" a ser queimada nos aluguéis. Segundo Roberto Capuano, os preços devem
continuarem caindo. "Os preços
estão 50% acima da média histórica. Em imóveis mais caros chegam
a ser o dobro."
A valor histórico de aluguel é
0,4% do valor de venda para imóveis de altíssimo padrão, 0,6% para os de três dormitórios; 0,8% para os de dois; e 1% para os de um
dormitório.
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