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POLÍTICA MONETÁRIA
Na avaliação de Alan Greenspan, economia em desaceleração não precisa de freio por enquanto
Fed descarta elevação dos juros nos EUA
das agências internacionais
O presidente do banco central
dos Estados Unidos, Alan Greenspan, afastou ontem a possibilidade
de alta dos juros, o que estimulou o
mercado acionário no mundo todo, Brasil inclusive.
A declaração de Greenspan, dada no Congresso dos Estados Unidos, foi de que o crescimento econômico do país está desacelerando
e, portanto, seria desnecessário
elevar os juros no momento.
"Parece ter havido moderação
no crescimento da demanda",
afirmou, emendando que algum
dia a política monetária do país
precisará sofrer mudanças.
O mercado, no entanto, só "ouviu" o que ele tinha a dizer sobre o
curto prazo. Assim que o texto de
seu discurso foi divulgado, a Bolsa
de Nova York reagiu, fechando
com alta de quase 2%.
Os juros também recuaram. A
taxa oferecida nos títulos do Tesouro de 30 anos -considerada
um parâmetro do mercado norte-americano- recuou para
6,44% ao ano, a mais baixa desde o
início de dezembro passado.
A economia norte-americana
iniciou o ano num ritmo acelerado, o que levou analistas a prever
pressões inflacionárias que, até o
momento, não se concretizaram.
O próprio Greenspan apresentou duas razões para o bom comportamento dos preços.
Primeiro, o dólar teve forte valorização, o que barateou as importações, benefício que, devido à
concorrência, acabou sendo repassado aos consumidores.
Segundo, os salários não subiram muito, apesar de o índice de
desemprego estar declinando e ter
caído abaixo dos 5% da força de
trabalho, nível em que passaria a
representar pressão inflacionária.
Mesmo acreditando na influência desses dois fatores, Greenspan
decidiu, em março, elevar os juros
em 0,25 ponto percentual, para garantir que o aquecimento econômico não ficasse acima do desejável pela autoridade monetária.
Na avaliação de Greenspan, a
economia voltou a entrar nos trilhos desde então, tanto que nova
alta nos juros foi descartada.
Alguns analistas argumentam
que os dois fatores que seguraram
os preços -câmbio e mercado de
trabalho- não continuarão a ter a
mesma influência.
Greenspan concorda, mas afirma que, a partir de agora, a manutenção da inflação sob controle dependerá mais do efeito dos ganhos
de produtividade, o que é resultado de anos de altos investimentos
em novas tecnologias.
O banco central dos EUA (conhecido como Fed, abreviação de
Federal Reserve) trabalha com expectativa de inflação entre 2,25% e
2,50% para este ano. Para o próximo, a projeção é de até 3%.
Devido à sua opinião sobre a importância dos ganhos de produtividade, Alan Greenspan está sendo
chamado de arauto da Nova Economia, caracterizada pela combinação, até então tida como insustentável, entre expansão vigorosa
e inflação controlada.
Greenspan, 71, que daqui a três
semanas completa dez anos na
presidência do Fed, é tido como
moderado na condução da política
monetária.
Em reuniões decisivas com a diretoria do órgão, ele fez valer sua
opinião contra uma quase unanimidade que defendia a necessidade de elevação dos juros.
A revista norte-americana "Business Week", especializada em
economia, conta como na reunião
de maio, por exemplo, ele convenceu os diretores do Fed a ignorar
os indicadores convencionais que
sugeriam a necessidade de alta
imediata dos juros.
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