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ENERGIA
Estatal brasileira assume controle acionário da petrolífera Perez Companc, segunda maior empresa da Argentina
Petrobras paga US$ 1,125 bi por argentina
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Petrobras anunciou ontem o
fechamento de acordo para a
aquisição do controle acionário,
da Perez Companc S.A., a segunda maior empresa da Argentina.
A estatal brasileira desembolsará
US$ 1,125 bilhão na compra de
58,6% do capital da companhia,
que tem como principal atividade
exploração e extração de petróleo
e mantém negócios no setor de
elétrico, área em que a Petrobras
tem investido nos últimos anos.
A estatal pagará à família Perez
Companc e à fundação homônima (que divide a administração
da empresa) US$ 754,6 milhões
em dinheiro e US$ 370,5 milhões
em títulos de dívida a serem emitidos. Esses títulos, cujo garantidor será a própria fundação, terão
taxa de juros anual fixada em 6% e
vencimento em sete anos. O acordo preliminar precisa ser ratificado até 30 de setembro -data-limite para que a Petrobras confirme o pagamento.
A Perez Companc faz parte da
extensa lista de empresas que foram empurradas à bancarrota
com a mais grave crise econômica
da história da Argentina. O braço
do grupo que está sendo adquirida pela Petrobras acumula dívidas de US$ 1,997 bilhão. A única
parte que ficará sob controle da
família será a ligada ao setor agropecuário e alimentício.
Ao anunciar o acordo, o presidente da Petrobras, Francisco
Gros, afirmou que a estatal não
assumirá a dívida. Mesmo em crise, a Pecom mantém, segundo ele,
um fluxo de caixa de US$ 550 milhões, que lhe permite ""autofinanciar" a dívida -gerar recursos para pagá-la sem que a Petrobras precise fazer desembolsos.
A estatal brasileira, que hoje
produz 66 mil barris de petróleo
em suas operações fora do Brasil,
terá essa produção aumentada
para 247 mil barris com a aquisição da companhia argentina.
Ainda de acordo com Gros, a
Petrobras fará o pagamento dos
US$ 754,6 milhões em espécie,
com recursos que mantém no exterior e com outras fontes de financiamento -que incluiriam
empréstimos e emissão de papéis.
""Não sairá um centavo do Brasil",
dise Gros, sobre possível envio de
dólares ao exterior. ""A Perez
Companc é uma grande empresa,
mas tem 10% do tamanho da Petrobras. O gasto na compra dela
significa somente 15% do fluxo de
caixa da Petrobras num ano. Não
estamos comprando uma Shell ou
uma Esso", completou.
A decisão da família Perez Compac de se desfazer da empresa teria dois motivos: primeiro porque, dada a situação de insolvência da Argentina, passou a ser impraticável a grupos locais se financiarem. O segundo refere-se à decisão de priorizar outros setores.
Galinha Morta
Minutos depois de a Petrobras e
a Pecom anunciarem o pré-acordo, pela manhã, as negociações
das ações do grupo argentino foram interrompidas na Bolsa de
Buenos Aires. Os papéis voltaram
ao pregão e fecharam com baixa
de 5,5%. No Brasil, as ações preferências (sem direito a voto) da Petrobras recuaram 6,94%.
""Tenho convicção da qualidade
do negócio e a oportunidade do
investimento que estamos fazendo. Os investidores vão se conscientizar e os nossos papéis logo
voltarão a subir", disse Gros.
Para exemplificar a oportunidade de investimento que representa a aquisição, Gros afirmou que
os valores pagos agora não representam a metade do valor da Perez Companc dois anos atrás.
""Não estamos comprando uma galinha morta. Estamos comprando uma galinha poedeira e que nos dará muitos ovos. E de ouro, espero", afirmou.
Em fevereiro, a estatal havia assumido seu primeiro investimento de peso na Argentina com a aquisição de 700 postos de uma bandeira local que pertenciam à
Repsol-YPF. Nas últimas semanas, iniciou as negociações para a compra de uma petroquímica.
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