São Paulo, terça-feira, 23 de julho de 2002

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Empresa declara ter dívida de US$ 1,997 bi

DA REPORTAGEM LOCAL

O acordo para a aquisição do controle acionário da Perez Companc S.A. apenas será formalizado depois de concluídas as negociações para reestruturação da dívida da Pecom Energía (o braço petrolífero), estimada em US$ 1,997 bilhão.
Deste total, US$ 1 bilhão representa a dívida que a empresa mantém com bancos e que será refinanciada com um vencimento em dez anos. Os outros US$ 997,5 milhões são bônus -a serem reestruturados com prazo de pagamento em três anos. Foram justamente esses bônus que, segundo analistas, transformaram-se em um pesado fardo depois da desvalorização do peso, em janeiro. A despeito de manter atividades em uma série de países da América do Sul, parte substancial das receitas da Pecom são obtidas na Argentina -e mesmo o aumento de tarifas de serviços públicos e de derivados de petróleo concedidas pelo governo pouco serviu para atenuar o enorme baque com a desvalorização de 70% do peso em relação ao dólar.
No primeiro trimestre deste ano, a Pecom acumulou perdas de US$ 182 milhões contra um resultado positivo de US$ 154 milhões no mesmo período do ano passado. Se considerada toda a holding da família Perez Companc (incluído o setor agropecuário e alimentício, parte que não está sendo comprada pela Petrobras), o prejuízo chegou a US$ 189 milhões contra ganhos de US$ 149 milhões no ano passado.
Das fontes de receita da Pecom, 64% estão ligadas à exploração e produção de petróleo. Outros 10% estão na geração de energia elétrica e 10% no refino de óleo e combustíveis. Ao assumir o controle da empresa, a estatal brasileira passa a ter direito de suas exploração de suas reservas que são avaliadas em 1,1 bilhão de barris. Somarão-se as reservas atuais da Petrobras (Brasil e exterior) de 9,3 bilhões de barris de petróleo.
De forma geográfica, as reservas da Pecom se concentram na Argentina (38%), Venezuela (31%), Bolívia (12%), Equador (10%) e Peru (9%). ""O posicionamento estratégico da Perez Companc nos permitirá aumentar o nível de globalização da Petrobras e aumentar nossa presença em mercados que nos interessam, como o da Venezuela", disse Gros.
Com a venda do braço energético, o grupo familiar Perez Companc concentrará seus investimentos de alimentos e agropecuário. Esse processo começou em 1999, quando o Perez Companc adquiriu o Molinos Río de la Plata -a maior fabricante de alimentos da Argentina. Uma das metas da família para este ano é aumentar de 25% para 45% a participação das exportações do Molinos no faturamento do grupo. Nos últimos meses, a família comprou uma série de pequenas indústria ligadas ao setor alimentício, que passaram a integrar a Molinos. A política de compra de pequenos concorrentes -e de se voltar para o mercado exterior- é a forma de a Molinos reverter os resultados do primeiro semestre. Neste período, a empresa acumulou prejuízo de US$ 17 milhões -contra um lucro de US$ 24,2 milhões em 2001. (JAD)


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