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NEGÓCIOS
Adolph Coors (EUA) e Molson (Canadá) se unem e criam a quinta maior cervejaria do mundo, com vendas de US$ 6 bi
Dona da Kaiser anuncia fusão bilionária
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As cervejarias Adolph Coors
Company, a terceira maior nos
EUA, e a Molson, líder do setor no
Canadá, anunciaram ontem a fusão das companhias em uma nova empresa chamada Molson
Coors Brewing Company. Com
vendas líquidas de US$ 6 bilhões
(R$ 18 bilhões), ela será a quinta
maior cervejaria do mundo em
volume, com 14,8 mil empregados. No Brasil, os efeitos da união
serão sentidos na Kaiser, empresa
que opera no vermelho e pertence
ao grupo Molson desde 2002.
Será aguardado, para os próximos meses, a validação do negócio: a fusão está sujeita à aprovação dos acionistas de ambas as
empresas e autoridades reguladoras. Com a união, as companhias
passam a produzir 6 bilhões de litros de cerveja ao ano e serão donas de 4,5% do setor no mundo.
A nova companhia surge com
Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciações e amortizações) de US$ 1 bilhão, fluxo de caixa em US$ 707 milhões e lucro líquido de US$ 354 milhões. No comunicado oficial, a empresa informa que a união "deve gerar
aproximadamente US$ 175 milhões em sinergias anualizadas até
o ano de 2007". Traduzindo, a
economia ao cofre da empresa
-com gastos menores com pessoal ou na compra de insumo, por
exemplo- atingirá esse valor.
Na avaliação do comando da
Kaiser, ainda não é possível falar
sobre o futuro da companhia, que
fechou o último ano fiscal (abril/
2003 a março/2004) com prejuízo
de R$ 150 milhões. Nos 12 meses
anteriores, o rombo estava em R$
60 milhões. "Obviamente que nenhuma medida foi tomada em relação a Kaiser ainda, mas a expectativa é que investimentos maciços sejam feitos para reforçar a
presença na marca no Brasil", diz
Paulo Macedo, diretor de assuntos corporativos da Kaiser.
Com 7,4% de participação no
mercado de cerveja pilsen em junho, a marca foi vendida à Molson em março de 2002 por US$
765 milhões (incluindo absorção
de dívidas e troca de ações).
Quando o negócio foi feito, ela tinha 13,4% do mercado, 13 fábricas e lucro de R$ 10 milhões
(2001). No ano da compra (2002)
foram desativadas três fábricas.
Funcionários da área de produção acabaram demitidos. Em
março de 2003, a participação já
havia caído para 11% e a ociosidade estava em 40%.
Na avaliação da empresa, foi a
retração nas vendas do mercado e
pressões nos custos (com as freqüentes desvalorizações do real)
que afetaram a companhia.
A maior concorrência ajudou a
complicar o cenário em 2003, depois dos investimentos em expansão e em mídia da Schincariol. A
concorrente ultrapassou a Kaiser
e se tornou a segunda maior cervejaria do país ao final de 2003.
A união das multinacionais
ocorre quatro meses após o negócio acertado entre AmBev e a belga Interbrew e é mais um na consolidação de um setor com baixíssimo crescimento e dos mais concentrados no mundo.
Em 2002, por exemplo, a SAB
comprou a Miller por US$ 5,6 bilhões. Em 2003, ela adquiriu parte
do controle da Peroni, líder na
Itália. A holandesa Heineken adquiriu em junho de 2003 a austríaca BBAG. A Interbrew comprou
mais de 30 empresas desde o início da década passada. Em maio
deste ano, a Anheuser-Busch, a
maior no mundo, comprou 29%
da chinesa Harbin Brewery.
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