São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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Produto de alta tecnologia derruba saldo da indústria

País teve déficit de US$ 3,3 bi em bens de média-alta tecnologia no 1º semestre

Setores de baixa tecnologia elevaram saldo da balança: de US$ 16 bi no 1º semestre de 2006 para US$ 20 bi no mesmo período de 2007

GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O saldo da balança comercial da indústria de transformação caiu no primeiro semestre deste ano, mas o que mais chama a atenção é que essa queda se concentrou principalmente nos produtos de alta e média-alta intensidades tecnológicas.
Nos primeiros seis meses de 2005, o saldo da balança da indústria foi de US$ 14,6 bilhões. Em 2006, caiu para US$ 13 bilhões, e, em 2007, para US$ 11,5 bilhões. Esses dados mostram que a indústria de transformação tem contribuído negativamente para a alta do superávit.
E chamam a atenção os resultados negativos dos setores de alta e média-alta tecnologia. O déficit na balança dos produtos de tecnologia saltou de US$ 5,4 bilhões nos primeiros seis meses de 2006 para US$ 6,8 bilhões em igual período de 2007.
A queda mais expressiva, porém, deu-se nos produtos de média-alta tecnologia. De um superávit de US$ 98 milhões no primeiro semestre de 2006, o saldo desses produtos mostrou um déficit de US$ 3,3 bilhões de janeiro a junho deste ano.
Esses dados resultam de um trabalho do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) que analisou a queda do superávit comercial da indústria de transformação no primeiro semestre de 2007.
A conclusão do estudo é que a indústria de transformação está sofrendo uma mudança estrutural importante. Enquanto se amplia o déficit nos setores de alta e média-alta tecnologia, o superávit dos produtos de baixa tecnologia cresce. "Está havendo uma perda de qualidade no saldo comercial da indústria", diz Edgard Pereira, economista-chefe do Iedi.
Os setores de baixa intensidade tecnológica têm aumentado o saldo da balança comercial. De US$ 16,3 bilhões nos primeiros seis meses de 2006, o superávit desse setor subiu para US$ 20,3 bilhões no mesmo período de 2007. A alta se deu principalmente nas indústrias de alimentos, bebidas e fumo.
O setor de média-baixa tecnologia também registrou uma alta no superávit do primeiro semestre de 2006 para este ano. O salto foi de US$ 11,1 bilhões para US$ 13,6 bilhões. A principal responsável foi a indústria siderúrgica, que registrou um saldo de US$ 2 bilhões.
Para Pereira, os setores cujos saldos comerciais têm aumentado significativamente são aqueles vinculados aos recursos naturais, beneficiados pela alta do preço de exportação.
Já os produtos que mais agregam tecnologia têm sofrido com a superapreciação do real. O dólar baixo tem favorecido o aumento da importação dos produtos com maior intensidade tecnológica. "O câmbio apreciado faz com que os produtores naturais acabem se convertendo em montadores."
Se em 2006 o déficit dos setores de alta tecnologia foi puxado por material eletrônico e de comunicações, neste ano os principais responsáveis são os produtos farmacêuticos e os de informática e escritório.
Em produtos de média-alta tecnologia, a indústria automobilística teve superávit de US$ 3 bilhões no primeiro semestre deste ano, mas abaixo dos saldos de 2005 e 2006. Já os produtos químicos registraram déficit de US$ 4,2 bilhões.


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