São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Usina Angra 3 terá licença ambiental prévia hoje

Construção estava suspensa havia mais de 22 anos

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Com a construção suspensa há mais de 22 anos e depois de muita polêmica, a usina nuclear de Angra 3 ganhará hoje a licença ambiental prévia do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovável). O documento precede a autorização do órgão ambiental para a retomada das obras.
A lista de condições impostas à concessão da licença foi revista ontem, por determinação do ministro Carlos Minc (Meio Ambiente), histórico adversário da geração de energia nuclear. Minc entrou no governo sabendo que o debate sobre retomar a obra estava encerrado e se declarou "voto vencido".
De acordo com o ministro, haverá 61 condições a serem cumpridas pela Eletronuclear (estatal federal responsável pela usina). "As exigências serão as mais duras possíveis." Ele citou como exigências a "adoção" do Parque Nacional da Serra da Bocaina (RJ) e da estação ecológica de Tamoios (RJ), a apresentação de destino final para o lixo a ser produzido pela usina e o monitoramento independente da radioatividade.
O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) prevê para 2014 a entrada em operação da terceira usina nuclear brasileira, com potência de 1.350 MW (megawatts). A conclusão da obra deverá consumir R$ 7,33 bilhões, de acordo com estudo encomendado pelo governo à consultoria suíça Colenco, além de cerca de R$ 1,5 bilhão já gasto desde o início do projeto, em 1984. Parte do custo decorre da manutenção de 13 mil toneladas de equipamentos comprados no passado.
Com a licença prévia liberada pelo Ibama, o Ministério de Minas e Energia vai autorizar formalmente a renegociação dos contratos com a empreiteira Andrade Gutierrez para as obras civis e com a multinacional francesa Areva, que fornecerá a maior parte dos equipamentos, além de contratos com outros fornecedores nacionais menores. Segundo a Eletronuclear, a renegociação dos contratos pode durar três meses.
Ontem, durante reunião do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), o ministro Edison Lobão (Minas e Energia) apresentou estudo apontando vantagem na conclusão de Angra 3 em relação à construção de uma usina nuclear com tecnologia mais recente.
A decisão de concluir a construção de Angra 3, tomada no ano passado, depois de vários adiamentos, faz parte da retomada do Programa Nuclear Brasileiro, estimulada pela alta do preço do petróleo no mercado internacional e pelo debate sobre o aquecimento global.
As duas primeiras usinas nucleares do país respondem por 2,5% da energia elétrica consumida no Brasil.


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