São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

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"Conselhão" cobra prioridade a crescimento

Síntese de três anos de discussões, texto traça metas para o país tentar combinar desenvolvimento com distribuição de renda

Estudo, que não tem vínculo com plano de governo de Lula, segundo o órgão, diz que o país poderá crescer 6% ao ano a partir de 2008


GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA

O Brasil tem condições de crescer a taxas de 6% ao ano a partir de 2008, os juros reais devem cair para 3% anuais em 2010, o país deve gerar 2,1 milhões de empregos ao ano e a parcela da renda nacional apropriada pelos 20% mais pobres dobrará até 2022.
As metas foram traçadas em documento do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) ao qual a Folha teve acesso e que será apresentado amanhã ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião no Palácio do Planalto. Síntese dos três anos de discussões do CDES, o trabalho apresenta uma proposta de governo para a economia com o objetivo de levar o país a caminhar em direção ao desenvolvimento com distribuição de renda.
Formado por diversas figuras da sociedade, entre banqueiros, empresários, sindicalistas e representantes de ONGs, o "conselhão", que começou com bastante prestígio no governo Lula, foi pouco a pouco perdendo influência.
Os próprios conselheiros sentiram-se desestimulados e o número de reuniões foi diminuindo, com o passar do tempo. Os escândalos de corrupção contribuíram para aumentar a apatia do "conselhão". O documento a ser apresentado amanhã a Lula pode ser uma tentativa de sua reabilitação.
Intitulado "O desenvolvimento é necessariamente um processo de concertação nacional", o documento diz que, "nas últimas duas décadas, o Brasil se voltou, prioritariamente, para a busca do ajustamento macroeconômico e da diminuição da nossa vulnerabilidade externa. Com isso, os formuladores de políticas, em geral, perderam o foco indutor do planejamento estratégico de médio e longo prazo".
O trabalho do CDES afirma, no entanto, que, agora, com os resultados alcançados entre 2003 e 2006, entre eles inflação sob controle, superávits expressivos nas transações correntes, razoável equilíbrio nas contas públicas e bem-sucedidas metas sociais, foram criadas as condições para que as políticas sociais e econômicas avancem na direção do almejado crescimento sustentado.
São apresentadas 15 propostas em formas de enunciados com base nas contribuições dos membros do CDES e em estudos da Fundação Getulio Vargas, do BNDES e do Ministério da Fazenda. O documento também deixa claro que as propostas são apresentadas com o objetivo de um planejamento de Estado, de médio e longo curso. O objetivo, ao fazer essa afirmação, é o de não vincular as propostas ao plano de governo do candidato à reeleição Luiz Inácio Lula da Silva.
O documento considera prioritária a redução acelerada das desigualdades na sociedade brasileira e defende a eqüidade para toda e qualquer decisão dos Poderes públicos.


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