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"Conselhão" cobra prioridade a crescimento
Síntese de três anos de discussões, texto traça metas para o país tentar combinar desenvolvimento com distribuição de renda
Estudo, que não tem vínculo
com plano de governo de
Lula, segundo o órgão, diz
que o país poderá crescer
6% ao ano a partir de 2008
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
O Brasil tem condições de
crescer a taxas de 6% ao ano a
partir de 2008, os juros reais
devem cair para 3% anuais em
2010, o país deve gerar 2,1 milhões de empregos ao ano e a
parcela da renda nacional apropriada pelos 20% mais pobres
dobrará até 2022.
As metas foram traçadas em
documento do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) ao qual a Folha teve acesso e que será apresentado amanhã ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em
reunião no Palácio do Planalto.
Síntese dos três anos de discussões do CDES, o trabalho apresenta uma proposta de governo
para a economia com o objetivo
de levar o país a caminhar em
direção ao desenvolvimento
com distribuição de renda.
Formado por diversas figuras da sociedade, entre banqueiros, empresários, sindicalistas e representantes de
ONGs, o "conselhão", que começou com bastante prestígio
no governo Lula, foi pouco a
pouco perdendo influência.
Os próprios conselheiros
sentiram-se desestimulados e o
número de reuniões foi diminuindo, com o passar do tempo.
Os escândalos de corrupção
contribuíram para aumentar a
apatia do "conselhão". O documento a ser apresentado amanhã a Lula pode ser uma tentativa de sua reabilitação.
Intitulado "O desenvolvimento é necessariamente um
processo de concertação nacional", o documento diz que, "nas
últimas duas décadas, o Brasil
se voltou, prioritariamente, para a busca do ajustamento macroeconômico e da diminuição
da nossa vulnerabilidade externa. Com isso, os formuladores
de políticas, em geral, perderam o foco indutor do planejamento estratégico de médio e
longo prazo".
O trabalho do CDES afirma,
no entanto, que, agora, com os
resultados alcançados entre
2003 e 2006, entre eles inflação
sob controle, superávits expressivos nas transações correntes, razoável equilíbrio nas
contas públicas e bem-sucedidas metas sociais, foram criadas as condições para que as
políticas sociais e econômicas
avancem na direção do almejado crescimento sustentado.
São apresentadas 15 propostas em formas de enunciados
com base nas contribuições dos
membros do CDES e em estudos da Fundação Getulio Vargas, do BNDES e do Ministério
da Fazenda. O documento também deixa claro que as propostas são apresentadas com o objetivo de um planejamento de
Estado, de médio e longo curso.
O objetivo, ao fazer essa afirmação, é o de não vincular as
propostas ao plano de governo
do candidato à reeleição Luiz
Inácio Lula da Silva.
O documento considera
prioritária a redução acelerada
das desigualdades na sociedade
brasileira e defende a eqüidade
para toda e qualquer decisão
dos Poderes públicos.
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