São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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No pior cenário, país cresce 4%, diz BNDES

Para Luciano Coutinho, presidente do banco, problemas externos não diminuem a confiança do empresariado nacional

Para Coutinho, no pior dos cenários, o crescimento da economia brasileira cairá um ponto percentual, dos 5% ao ano previstos para 4%

SHEILA D'AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em mais uma ofensiva do governo para tentar minimizar os impactos que a turbulência financeira internacional poderá ter no Brasil, o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, disse ontem, para uma platéia de empresários, que, no pior dos cenários, o crescimento da economia brasileira cairá apenas um ponto percentual -dos 5% ao ano projetados para 4%.
Segundo Coutinho, o "teste de tensão" ao qual a economia brasileira está sendo submetida por causa dos problemas originados no mercado imobiliário norte-americano "não tem sido suficiente para desarrumar a confiança do empresariado" nacional.
Citando a demanda interna e os investimentos planejados pelo governo no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em infra-estrutura como pilares do desenvolvimento econômico do Brasil, o presidente do BNDES traçou um cenário cor-de-rosa para o país.
"Mesmo que a crise seja mais prolongada e os Estados Unidos cresçam 1,5%, o crescimento econômico da China seja reduzido e também os preços das commodities [caiam], ainda assim o ciclo da economia brasileira é suficientemente robusto para sustentar crescimento".
Em seguida, calculou o potencial de estrago dessa combinação para o país. "A taxa de crescimento no Brasil recuaria um pouco. Se estamos indo para 5% ao ano, na pior das hipóteses iríamos para 4% ao ano para depois retomar um crescimento mais forte".
No entanto, na avaliação de empresários presentes, a crise internacional deverá gerar atrasos em investimentos programados, sobretudo nos setores que direcionam sua produção para o mercado externo.
"Um momento inicial de postergação [de investimentos] é quase inevitável. Não será uma mudança brusca no cenário porque o Brasil tem um mercado interno, mas investimentos em produtos de maior valor agregado para exportação poderão sofrer atrasos", afirmou Antonio Corrêa de Lacerda, professor de PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo e ex-presidente da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica).

Taxa de investimento
No discurso aos empresários, que durou meia hora, Coutinho usou projeções para taxa de investimento nos próximos anos e dados de desembolsos e contratações do BNDES nos últimos 12 meses para sustentar sua tese otimista quanto ao futuro da economia nacional.
Pelos seus cálculos, a taxa de investimento produtivo medida pela formação bruta de capital fixo, que deverá encerrar este ano em 17,6% do PIB (Produto Interno Bruto), chegará a 19,3% no final do ano que vem e a 21,1% do PIB em 2009.
"Ainda que essa projeção não se confirme, o ritmo de crescimento da taxa de investimento será, pelo menos, duas vezes maior do que o crescimento esperado para o PIB". E isso, disse, porque as empresas brasileiras estão com capital para aumentar as plantas produtivas. "As empresas têm liquidez, rentabilidade e baixo endividamento para sustentar o ciclo de investimento."

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