São Paulo, quinta-feira, 23 de agosto de 2007

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Geração de empregos formais se desacelera em julho

Saldo no acumulado do ano vai a 1,222 milhão de postos e é 13,4% superior ao do mesmo período de 2006, mas deixa de ser recorde

YGOR SALLES
DA FOLHA ONLINE

A desaceleração na abertura de vagas formais em julho fez com que 2007 perdesse o posto de ano recorde na geração de empregos, posição ocupada até junho. De acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho, no mês passado, foram criadas 126.992 vagas, o que elevou o saldo acumulado no ano para 1.222.495 postos.
Anteontem, ao antecipar parte dos dados, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, havia dito erroneamente que o saldo acumulado no ano era recorde.
O saldo entre admissões e demissões no acumulado de 2007 é 13,38% maior que no mesmo período de 2006. Porém, na série histórica, o ano em que mais foram gerados empregos voltou a ser 2004, com 1.236.689 vagas na mesma base de comparação.
Em junho, o Caged registrou a abertura de 1,095 milhão de vagas formais, ante criação de 1,034 milhão postos em 2004 -a posição recorde de 2007 era mantida desde março.
O saldo de 126.992 vagas anotado no mês passado é 0,44% superior a junho, mas significa queda de 17,73% em relação a julho de 2006 (154.357 vagas). A desaceleração é sentida desde abril.

Agropecuária
A agropecuária está entre os setores que frearam o crescimento -gerou 7.986 novos postos de trabalho em julho, número 0,48% superior a junho, mas 71,2% inferior a julho de 2006 (27.748 vagas).
"Esse desempenho reflete uma antecipação das demissões nas atividades cafeeira e sucroalcooleira do centro-sul do país, habitualmente iniciadas em agosto de cada ano", disse ontem Lupi. Ainda assim, o setor apresenta uma geração de 246.423 postos de trabalho (alta de 17,10%) no ano.
Todos os setores apontaram expansão no emprego em julho. O destaque fica para serviços, com o acréscimo de 38.154 postos (alta de 0,33% em relação a junho), seguido por indústria de transformação, com 28.996 (0,43%).
A expectativa do Ministério do Trabalho é que a geração de empregos formais feche 2007 entre 1,55 milhão e 1,6 milhão de vagas, menor do que a previsão inicial de 1,65 milhão de postos, mas acima do recorde de 2004 (1,523 milhão).
Para André Portela, especialista em economia do trabalho da FGV (Fundação Getulio Vargas), é "quase certo" que o ritmo de contratações formais volte a aquecer nos próximos meses e bata o recorde registrado em 2004.
De acordo com ele, há duas possibilidades para explicar a retomada. "A primeira é que a economia cresça e as empresas contratem novos funcionários com carteira. A segunda é que as mudanças na legislação, em especial o Supersimples, forcem a formalização do funcionário à medida que as próprias empresas se formalizam", afirmou Portela.
Portela vê setores com tradicional alto índice de informalidade dos funcionários -como agronegócios, construção civil e serviços- puxarem a retomada do emprego formal.
O economista-chefe do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial), Edgard Pereira, diz acreditar que o ritmo de contratações deva avançar na esteira do consumo, interno, beneficiando áreas como a têxtil e alimentos e bebidas.

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