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Exportação reage após melhora global
Venda para os principais parceiros comerciais do país cresce no segundo trimestre na comparação com o início do ano
Início de retomada mundial beneficia commodities, mas venda de manufaturados ainda continuará emperrada,
afirmam especialistas
EDUARDO RODRIGUES
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A melhora na economia dos
principais parceiros comerciais
do Brasil ajudou a recuperar as
exportações para essas regiões
no segundo trimestre do ano.
Nesse período, as vendas para
Estados Unidos, União Europeia, China e Argentina cresceram em comparação com o primeiro trimestre deste ano.
Sobre o segundo trimestre do
ano passado, as vendas continuam em queda. Afinal, a demanda internacional ainda não
se recuperou totalmente da redução acumulada desde o auge
da crise. Ao contrário, a retomada ainda é incipiente. Em alguns países, o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre ainda foi negativo, mas
teve retração menor que nos
primeiros três meses deste ano.
O secretário de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral,
afirma que, como a crise atingiu em cheio os fluxos mundiais de comércio, a recuperação ensaiada pelos principais
parceiros do Brasil tem relação
direta com as vendas externas
do país, mas ainda é cedo para
medir o tamanho desse impacto. "O resultado é positivo, mas
ainda é muito incipiente."
As vendas para os Estados
Unidos, que perderam para a
China o posto de principal parceiro comercial do Brasil, cresceram 3,8% no segundo trimestre em comparação com os três
primeiros meses deste ano. Entre abril e junho, o PIB da maior
economia global teve retração
de 1% (na taxa anualizada), depois de se contrair em 6,4% no
primeiro trimestre.
Para a União Europeia, o aumento das vendas no período
foi de 13,14%. Para a Argentina,
que ainda não divulgou o PIB
no segundo trimestre, as exportações subiram 21,03%.
Para o economista-chefe da
Funcex (Fundação Centro de
Estudos do Comércio Exterior), Fernando Ribeiro, se a
melhora do cenário internacional se confirmar, o ritmo das
exportações deverá se acelerar
nos próximos meses, devido ao
intervalo de tempo entre as encomendas e os embarques das
mercadorias.
"O resultado do produto interno desses países já pode ser
notado nos dados da balança
comercial do segundo trimestre, mas deve aparecer com
mais força no fim do ano."
Commodities
No entanto, Aloísio Campelo
Júnior, coordenador do Núcleo
de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), ressalta que o crescimento econômico desses países está ancorado em medidas
anticíclicas -como investimentos governamentais em infraestrutura. Por isso, diz ele, o
aumento das exportações brasileiras tende a se concentrar
em commodities e produtos semimanufaturados, como minério de ferro e aço.
"A indústria de transformação, que foi a mais atingida pela
crise, não deve ser beneficiada
por enquanto, pois a retomada
não é resultado de uma explosão no consumo dos habitantes
desses países", explica.
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação
de Comércio Exterior do Brasil), pondera que no segundo
trimestre as vendas sempre são
maiores que no primeiro. E isso
ocorrerá também no terceiro
trimestre em relação ao anterior. Mas ele diz que, com uma
melhora incipiente da economia mundial, o Brasil se beneficiará principalmente porque
haverá aumento da cotação internacional das commodities.
"No mundo, as coisas começaram a melhorar. Ainda é um
sopro de crescimento, que ajuda o Brasil em parte, na exportação de commodities. Mas não
nos manufaturados, que ainda
dependem de uma demanda
mundial maior", afirma.
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