São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Exportação reage após melhora global

Venda para os principais parceiros comerciais do país cresce no segundo trimestre na comparação com o início do ano

Início de retomada mundial beneficia commodities, mas venda de manufaturados ainda continuará emperrada, afirmam especialistas

EDUARDO RODRIGUES
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A melhora na economia dos principais parceiros comerciais do Brasil ajudou a recuperar as exportações para essas regiões no segundo trimestre do ano. Nesse período, as vendas para Estados Unidos, União Europeia, China e Argentina cresceram em comparação com o primeiro trimestre deste ano.
Sobre o segundo trimestre do ano passado, as vendas continuam em queda. Afinal, a demanda internacional ainda não se recuperou totalmente da redução acumulada desde o auge da crise. Ao contrário, a retomada ainda é incipiente. Em alguns países, o PIB (Produto Interno Bruto) do segundo trimestre ainda foi negativo, mas teve retração menor que nos primeiros três meses deste ano.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, afirma que, como a crise atingiu em cheio os fluxos mundiais de comércio, a recuperação ensaiada pelos principais parceiros do Brasil tem relação direta com as vendas externas do país, mas ainda é cedo para medir o tamanho desse impacto. "O resultado é positivo, mas ainda é muito incipiente."
As vendas para os Estados Unidos, que perderam para a China o posto de principal parceiro comercial do Brasil, cresceram 3,8% no segundo trimestre em comparação com os três primeiros meses deste ano. Entre abril e junho, o PIB da maior economia global teve retração de 1% (na taxa anualizada), depois de se contrair em 6,4% no primeiro trimestre.
Para a União Europeia, o aumento das vendas no período foi de 13,14%. Para a Argentina, que ainda não divulgou o PIB no segundo trimestre, as exportações subiram 21,03%.
Para o economista-chefe da Funcex (Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior), Fernando Ribeiro, se a melhora do cenário internacional se confirmar, o ritmo das exportações deverá se acelerar nos próximos meses, devido ao intervalo de tempo entre as encomendas e os embarques das mercadorias.
"O resultado do produto interno desses países já pode ser notado nos dados da balança comercial do segundo trimestre, mas deve aparecer com mais força no fim do ano."

Commodities
No entanto, Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas da FGV (Fundação Getulio Vargas), ressalta que o crescimento econômico desses países está ancorado em medidas anticíclicas -como investimentos governamentais em infraestrutura. Por isso, diz ele, o aumento das exportações brasileiras tende a se concentrar em commodities e produtos semimanufaturados, como minério de ferro e aço.
"A indústria de transformação, que foi a mais atingida pela crise, não deve ser beneficiada por enquanto, pois a retomada não é resultado de uma explosão no consumo dos habitantes desses países", explica.
José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), pondera que no segundo trimestre as vendas sempre são maiores que no primeiro. E isso ocorrerá também no terceiro trimestre em relação ao anterior. Mas ele diz que, com uma melhora incipiente da economia mundial, o Brasil se beneficiará principalmente porque haverá aumento da cotação internacional das commodities.
"No mundo, as coisas começaram a melhorar. Ainda é um sopro de crescimento, que ajuda o Brasil em parte, na exportação de commodities. Mas não nos manufaturados, que ainda dependem de uma demanda mundial maior", afirma.


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