São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Natal terá parcela maior de produtos do exterior

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O câmbio valorizado deve aumentar a participação dos produtos importados nos estoques de fim ano do comércio brasileiro. Confiantes em um bom desempenho do consumo no segundo semestre de 2009, que concentra datas importantes para o varejo, como o Dia da Criança e o Natal, os comerciantes estão aproveitando o dólar baixo para diversificar as encomendas, aumentando o volume de compras do exterior.
Fábio Pina, economista da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), avalia que, como a renda e o consumo das famílias não se deterioraram no decorrer da crise, os próximos seis meses devem ter um bom resultado, justificando o crescimento dos pedidos aos fornecedores.
Para ele, no entanto, a tendência dos consumidores em buscar artigos mais baratos ainda deve continuar neste ano, a exemplo do movimento ocorrido em 2008. "Nesse cenário, a porcentagem de produtos importados, principalmente da imbatível China, na composição dos estoques de fim de ano ficará ainda maior", diz.
Segundo dados da Abrimpex (Associação Brasileira dos Importadores e Exportadores de Brinquedos e Produtos Infantis), a China é a origem de quase dois terços dos produtos do segmento de importados pelo Brasil, que ocupam 65% do mercado nacional.
Além disso, a média de preço dos brinquedos vendidos no Natal de 2008 variou de R$ 30 a R$ 70, mas, no primeiro trimestre deste ano, a maior parte das mercadorias vendidas ficou abaixo de R$ 30.
No entanto, o presidente da entidade, Eduardo Benevides, mantém o otimismo em relação ao movimento de fim de ano, que representa mais de 70% das encomendas anuais do setor. "Ninguém deixa de presentear as crianças, nem que seja com apenas uma pequena lembrança", afirma.
Mesmo com redução nos valores unitários nas vendas, as importações de brinquedos cresceram 27,70% no segundo semestre de 2008 em relação ao mesmo período do ano anterior, pois boa parte das mercadorias foi encomendada antes do agravamento da crise. Para este ano, a expectativa de expansão chega a 12%.
Ele conta que a desvalorização do real no final de 2008 não influenciou as importações porque os estoques já estavam compostos. Em 2009, com o câmbio variando no sentido inverso, os importadores que se adiantaram e fecharam seus negócios ainda no primeiro semestre se arrependeram.
Segundo o presidente da Abipp (Associação Brasileira de Importadores de Produtos Populares), Gustavo Dedivitis, outro efeito benéfico da recuperação do país será a queda na inadimplência de comerciantes com fornecedores.
Segundo ele, o mercado de produtos populares fabricados principalmente na Ásia cresceu 15% no ano passado, chegando próximo de US$ 3,5 bilhões em desembarques no país. Mas, com a chegada da crise, conta, boa parte dos 60 mil lojistas da cadeia do setor não conseguiu quitar o pagamento dos pedidos. "Pouco se investiu em novos produtos em 2009 até agora porque ainda há estoques, e boa parte do comércio está endividada. A nossa esperança é mesmo o segundo semestre."


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