São Paulo, domingo, 23 de agosto de 2009

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Nas finanças pessoais, opostos se atraem

Quem gasta mais do que planeja tende a buscar parceiro que economiza mais do que gostaria, e vice-versa, diz pesquisa

Impulso, contudo, não é considerado positivo para relações duradouras, já que atritos entre o casal tendem a ficar mais frequentes

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

Um estudo de pesquisadores da Wharton School e da Northwestern University descobriu que a velha máxima de que os opostos se atraem é válida no campo das finanças pessoais.
Segundo o estudo, quem não gosta da maneira como lida com o dinheiro procura no outro a qualidade que não tem. Na prática, os perdulários que sonham em gastar menos buscam um parceiro mais disposto a economizar, e vice-versa.
A regra só é válida para quem almeja ter um comportamento diferente, diz Deborah Small, uma das autoras da pesquisa "Fatal (Fiscal) Attraction".
"Há pessoas que poupam muito dinheiro e se sentem felizes assim. Para elas, essa regra não conta. O que verificamos é que pessoas que gastam mais do que pretendem e se sentem mal em relação a isso tendem a se casar com quem poupa mais do que gostaria. Elas procuram o outro extremo", disse.
A seleção do parceiro com base nessa busca no equilíbrio financeiro, ainda que muitas vezes de forma inconsciente, não costuma ser uma boa receita para as relações duradouras. O lugar comum encontrou respaldo na pesquisa: o dinheiro realmente tem poder de dividir os casais. Um dos fatores é que as pessoas tendem a manter o seu comportamento em relação às próprias finanças.
"Em muitos aspectos, somos mais felizes quando nos casamos com pessoas de visão semelhante a nossa. Quando você casa com seu oposto, experimenta mais conflito em relação ao dinheiro, e isso leva a uma menor satisfação", disse.
Em tempos de crise, ela afirma que as discussões ocorrem independentemente do perfil do casal. "Na recessão, os casais discutem mais sobre dinheiro, seja qual for a atitude que tenham em relação a gastos."
Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores conduziram estudos a partir de cruzamentos de dados e pesquisas. Em um deles, colocaram no site do "New York Times" uma enquete sobre gastos e poupança.
A partir disso, selecionaram e-mails de 458 pessoas casadas, que participaram da segunda etapa do estudo. Os questionários incluíam perguntas sobre como elas lidavam com dinheiro. Na terceira etapa, os participantes forneciam informações pessoais, como renda e número de filhos, e avaliações sobre seus próprios relacionamentos. "O que a pesquisa mostra é que há uma diferença entre o que as pessoas dizem que procuram em um parceiro ideal e as características dos pares por quem elas se sentem atraídas."


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