São Paulo, quinta-feira, 23 de setembro de 2004

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Auto-suficiência vai ser antecipada, diz Petrobras

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Superados os problemas do primeiro semestre, a Petrobras já informa ter normalizado sua produção de petróleo e estima fechar o ano com um pico de 1,7 milhão de barris por dia -apenas 100 mil barris a menos do que o necessário para que o país alcance a auto-suficiência.
Animada com a entrada em operação da P-43 em novembro e a perspectiva de a plataforma operar a plena capacidade (150 mil barris) em meados de 2005, a empresa já fala em antecipar a meta de auto-suficiência de 2006 para o final do próximo ano. Isso se o consumo mantiver o atual nível de crescimento (6% no primeiro semestre).
Apesar da regularização de suas operações, a Petrobras não conseguirá repetir, na média do ano, o mesmo desempenho do ano passado. Sua produção ficará abaixo do projetado inicialmente para este ano -1,550 mil barris/dia. Por causa de paradas de plataformas, a indústria extrativa do Rio de Janeiro (que concentra 80% da produção de óleo) acumula queda de 5,5% na produção de janeiro a julho.

Recuperação
No primeiro semestre de 2004, as interrupções em plataformas fizeram com que a produção média de petróleo ficasse em 1,468 milhão de barris/dia. É menos do que a cifra média do ano passado -1,543 milhão.
Na média do segundo semestre, no entanto, a produção nacional de petróleo será maior: 1,570 milhão de barris/dia. É que as atividades ainda estão numa fase de recuperação depois dos problemas do primeiro semestre, quando algumas unidades ficaram paralisadas, conforme o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrela.
Segundo ele, a recuperação da produção se deve à entrada em operação de um navio-plataforma no campo de Marlim Sul, na bacia de Campos. Sobre o aumento da produção até o final do ano, ele disse que o principal impacto virá do início da operação da P-43, previsto para o dia 11 de novembro.

Atraso
Montada no estaleiro Mauá-Jurong, em Niterói, a unidade entrará em funcionamento com atraso de 18 meses, o que fez a Petrobras deixar de produzir milhões de barris de óleo nesse período -a estatal não forneceu o dado exato.
A companhia responsável pela obra é a norte-americana KBR, subsidiária da Halliburton, empresa que já teve o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, como presidente e foi contratada para recuperar as instalações do setor de petróleo no Iraque.
A P-48, outra plataforma encomendada à KRB e que irá operar no campo de Caratinga, está em fase de montagem no estaleiro Fells-Setal, em Angra dos Reis. Nesse caso, o atraso é ainda maior: 20 meses. A previsão é que ela só comece a produzir em janeiro de 2005.
A Petrobras cogitou, em 2003, de ir à Justiça ou chamar um comitê arbitral por causa do atraso e do aumento do custo da obra, estimado, na época, em US$ 380 milhões.
A Halliburton, por sua vez, dizia que o atraso ocorreu em razão de mudanças nos contratos impostas pela Petrobras. Por causa do projeto Barracuda/Caratinga, a Halliburton já provisionou US$ 300 milhões em seu balanço, mas afirmou que as perdas poderiam chegar a US$ 800 milhões.
Ontem, o diretor financeiro da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, mudou de tom. Disse que as duas empresas conseguiram ajustar várias pendências e afirmou que resta apenas a ser acertado é um "valor muito pequeno".
Declarou, no entanto, que a negociação não abrange o quanto a estatal deixou de ganhar em razão do atraso do começo da produção dos dois campos num período de alto preço do barril de petróleo.


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