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Auto-suficiência vai ser antecipada, diz Petrobras
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Superados os problemas do primeiro semestre, a Petrobras já informa ter normalizado sua produção de petróleo e estima fechar
o ano com um pico de 1,7 milhão
de barris por dia -apenas 100 mil
barris a menos do que o necessário para que o país alcance a auto-suficiência.
Animada com a entrada em
operação da P-43 em novembro e
a perspectiva de a plataforma
operar a plena capacidade (150
mil barris) em meados de 2005, a
empresa já fala em antecipar a
meta de auto-suficiência de 2006
para o final do próximo ano. Isso
se o consumo mantiver o atual nível de crescimento (6% no primeiro semestre).
Apesar da regularização de suas
operações, a Petrobras não conseguirá repetir, na média do ano, o
mesmo desempenho do ano passado. Sua produção ficará abaixo
do projetado inicialmente para
este ano -1,550 mil barris/dia.
Por causa de paradas de plataformas, a indústria extrativa do Rio
de Janeiro (que concentra 80% da
produção de óleo) acumula queda de 5,5% na produção de janeiro a julho.
Recuperação
No primeiro semestre de 2004,
as interrupções em plataformas
fizeram com que a produção média de petróleo ficasse em 1,468
milhão de barris/dia. É menos do
que a cifra média do ano passado
-1,543 milhão.
Na média do segundo semestre,
no entanto, a produção nacional
de petróleo será maior: 1,570 milhão de barris/dia. É que as atividades ainda estão numa fase de
recuperação depois dos problemas do primeiro semestre, quando algumas unidades ficaram paralisadas, conforme o diretor de
Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrela.
Segundo ele, a recuperação da
produção se deve à entrada em
operação de um navio-plataforma no campo de Marlim Sul, na
bacia de Campos. Sobre o aumento da produção até o final do ano,
ele disse que o principal impacto
virá do início da operação da P-43, previsto para o dia 11 de novembro.
Atraso
Montada no estaleiro Mauá-Jurong, em Niterói, a unidade entrará em funcionamento com atraso
de 18 meses, o que fez a Petrobras
deixar de produzir milhões de
barris de óleo nesse período -a
estatal não forneceu o dado exato.
A companhia responsável pela
obra é a norte-americana KBR,
subsidiária da Halliburton, empresa que já teve o vice-presidente
dos EUA, Dick Cheney, como
presidente e foi contratada para
recuperar as instalações do setor
de petróleo no Iraque.
A P-48, outra plataforma encomendada à KRB e que irá operar
no campo de Caratinga, está em
fase de montagem no estaleiro
Fells-Setal, em Angra dos Reis.
Nesse caso, o atraso é ainda
maior: 20 meses. A previsão é que
ela só comece a produzir em janeiro de 2005.
A Petrobras cogitou, em 2003,
de ir à Justiça ou chamar um comitê arbitral por causa do atraso e
do aumento do custo da obra, estimado, na época, em US$ 380 milhões.
A Halliburton, por sua vez, dizia
que o atraso ocorreu em razão de
mudanças nos contratos impostas pela Petrobras. Por causa do
projeto Barracuda/Caratinga, a
Halliburton já provisionou US$
300 milhões em seu balanço, mas
afirmou que as perdas poderiam
chegar a US$ 800 milhões.
Ontem, o diretor financeiro da
Petrobras, José Sérgio Gabrielli,
mudou de tom. Disse que as duas
empresas conseguiram ajustar
várias pendências e afirmou que
resta apenas a ser acertado é um
"valor muito pequeno".
Declarou, no entanto, que a negociação não abrange o quanto a
estatal deixou de ganhar em razão
do atraso do começo da produção
dos dois campos num período de
alto preço do barril de petróleo.
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