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GLOBALIZAÇÃO
Estudo da Fiesp com 43 países mostra que economia nacional ainda está entre as últimas colocadas; EUA lideram
Brasil não evolui em competitividade
MARCELO BILLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A competitividade brasileira
continua baixa, mostra estudo divulgado pela Fiesp (Federação
das Indústrias do Estado de São
Paulo). A pesquisa analisou os dados de 43 países que, juntos, representam 95% da economia
mundial. O Brasil ficou quase na
lanterninha, na 39ª posição do
ranking elaborado pela Fiesp.
Os 43 países foram divididos em
quatro grupos. O de produtividade elevada é liderado por EUA, o
primeiro do ranking. A Dinamarca, no 12º lugar, lidera o grupo
considerado de competitividade
satisfatória. Países como Itália,
China, Portugal, Rússia e Argentina têm competitividade média.
Por fim, o grupo do qual faz parte
o Brasil inclui países como Chile
(34º lugar) e México (36º).
Atrapalham o desempenho brasileiro, mostra o estudo, a política
fiscal e o alto custo do capital brasileiros. O Brasil fica atrás dos demais países em uma série de quesitos, mas, sugerem os dados, os
juros nas alturas e a carga tributária são os dois maiores problemas
que dificultam a melhora da competitividade do país.
Juros altos
Os juros básicos no Brasil devem ficar em 18,70% neste ano.
Mesmo quando comparado ao
dos países de baixa competitividade, ele é muito alto. Na média,
os juros do grupo de países com
mais baixa competitividade ficam
em 11,1%. A média, claro, ainda é
influenciada pelos altos juros brasileiros. Nos países com elevada
competitividade, os juros giram
em torno de 1,28%.
"Com esse custo de capital, é
impossível crescer", diz José Ricardo Roriz Coelho, diretor da
Fiesp. O ranking, lembra ele, é elaborado considerando-se 83 variáveis. A pesquisa permite simular o
quanto a melhora nos indicadores brasileiros poderia ajudar o
país a crescer mais.
A simulação também sugere o
quanto o Brasil ainda está para
trás, mesmo comparado a outros
países emergentes. Se os indicadores brasileiros se aproximassem daqueles observados nesses
países, o Brasil conseguiria, até
2020, chegar a uma renda per capita de US$ 14,9 mil por ano. Se
não houver mudança, o país chega lá com renda de US$ 11,7 mil.
Não seriam reformas radicais,
diz Coelho. A simulação considera inflação mais baixa, juros médios e disponibilidade de crédito
em níveis próximos aos do mundo em desenvolvimento, redução
de gastos públicos. Em geral, todas as variáveis foram ajustadas
para níveis já existentes em países
com nível de desenvolvimento
parecido com o brasileiro. "Sem
atacar de frente esses problemas,
dificilmente cresceremos de forma sustentável", completa o diretor da Fiesp.
O ranking elaborado pela Fiesp
começou a ser calculado para o
ano de 1997. Desde lá, o país apenas oscilou entre a 38ª e a 41ª posições. Desde 2001 o país ocupa o
39º lugar no ranking. O que, na
avaliação de Coelho, pode ser um
problema. "É um alerta. Parece
que tivemos dois anos excepcionais. Parece que nós estamos andando rápido. Mas os outros países estão indo ainda mais rápido."
A melhora da competitividade
necessariamente levaria a uma
melhora nas condições de vida
dos brasileiros, sugere o estudo. O
índice de competitividade tem
correlação forte com indicadores
como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), a renda per
capita e a taxa de crescimento.
Assim, quanto mais elevada a
competitividade, maiores tendem
a ser o IDH, a renda per capita e as
taxas de crescimento de um país.
Afinal, o índice é justamente composto por variáveis que, quando
melhoram, aumentam o potencial de crescimento de um país.
São variáveis como o nível educacional, o investimento, o grau de
abertura externa do país, as condições macroeconômicas.
O estudo da Fiesp não é comparável com o do Fórum Econômico
Mundial, divulgado todos os
anos. Em 2003, divulgou o Fórum
no ano passado, o Brasil havia
passado da 54ª posição para a 57ª.
O estudo do Fórum sempre inclui mais países, enquanto o da
Fiesp considera apenas as mesmas 43 economias. A Fiesp só
considera dados quantitativos, ao
passo que o ranking do Fórum
utiliza pesquisas qualitativas, como entrevistas a respeito da percepção de investidores locais e estrangeiros sobre o país.
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