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Descentralização de shoppings é tendência
DA REPORTAGEM LOCAL
Com oportunidades de negócios e áreas disponíveis cada
vez mais escassas na capital
paulista, cresce a tendência à
descentralização de shopping
centers, especialmente aqueles
voltados para uma região específica da periferia.
"Não precisa ser em áreas de
alta renda", observa Eugênio
Foganholo, diretor da Mixxer
Desenvolvimento Empresarial.
Municípios da região metropolitana como Taboão da Serra e
Guarulhos, viraram alvo de empreendedores nos últimos
anos.
O que se discute hoje no setor
é como adequar as tendências
internacionais do varejo às
condições brasileiras. Nos Estados Unidos, multiplicam-se
nos subúrbios os chamados
"street centers", grandes áreas
planejadas de comércio de rua.
Aqui, privilegia-se a segurança
dos shoppings fechados.
O subúrbio rico brasileiro está muito longe do seu similar
norte-americano, segundo Zildo Borgonovi, diretor da área
de shopping centers da consultoria Gouvêa de Souza & MD.
"A renda dos americanos é dez
vezes maior do que a dos brasileiros que vivem nos condomínios", diz ele.
Conveniência
Além da renda, também os
hábitos de consumo aqui e nos
EUA diferem. Os moradores de
Alphaville, Tamboré, Aldeia da
Serra e Granja Viana têm renda
alta, mas uma dispersão de consumo muito grande, ou seja,
compram em muitos lugares,
pois têm facilidade de locomoção e são bem informados.
Por isso, os empreendimentos nessas regiões têm de ser
desenhados na medida não só
da renda e da densidade populacional, mas também dos hábitos desse público, segundo Borgonovi.
Na sua opinião, enquanto
nos Estados Unidos os subúrbios ricos comportam grandes
empreendimentos de varejo,
no caso brasileiro eles têm uma
tendência ao comércio de conveniência. "As pessoas buscam
comodidade nas compras do
dia-a-dia. Mas preferem se deslocar para os shoppings da capital quando buscam produtos
diferenciados", diz.
Rui Ortiz de Siqueira, da Leasing Mall, que está desenvolvendo o estudo para o shopping
da Granja Viana, diz que, "para
dar certo, um shopping tem de
ter um "mix" de lojas adequado
ao perfil do público". No caso
da Granja, estudo de vocação da
área detectou um público intermediário que mescla as classes A e B/C.
Com 37 mil habitantes e renda média familiar de mais de R$
5.000 mensais, a região não
tem massa crítica para um
shopping com lojas de grifes,
por exemplo.
No entanto, pode comportar
outras lojas, uma academia de
ginástica, cinemas, áreas de lazer, fast foods, serviços, tudo
dentro do conceito de um shopping tradicional, segundo Siqueira. "Tem de ser um empreendimento que atenda durante a semana e à noite", diz
ele. Do contrário, nem deve sair
do papel.
Tamboré
Exemplo de projeto que
preencheu as diferentes necessidades regionais é o shopping
Tamboré. Quando foi construído, há 15 anos, pesquisas de
mercado apontavam a tendência a forte desenvolvimento devido à multiplicação dos condomínios em Alphaville.
Mas hoje, 35% dos freqüentadores são pessoas que trabalham na região e vão ao shopping no horário do almoço.
"Por ter um ISS [Imposto Sobre Serviços] baixo, a região
atraiu muitas empresas nos últimos anos", diz Consuelo Gradin, superintendente do Tamboré. Os moradores dos condomínios representam 22% do
fluxo de pessoas; os municípios
vizinhos, em torno de 35%.
O Tamboré deve mudar de
perfil nos próximos cinco anos.
"Os moradores devem chegar a
40% do movimento, pois a região está crescendo e verticalizando, o que vai representar
adensamento da população",
diz Gradin.
Também o número de pessoas que trabalham em Alphaville deve crescer com a construção de uma torre de 24 andares para escritórios, dentro
do terreno do shopping.
(SB)
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