São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Descentralização de shoppings é tendência

DA REPORTAGEM LOCAL

Com oportunidades de negócios e áreas disponíveis cada vez mais escassas na capital paulista, cresce a tendência à descentralização de shopping centers, especialmente aqueles voltados para uma região específica da periferia.
"Não precisa ser em áreas de alta renda", observa Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial. Municípios da região metropolitana como Taboão da Serra e Guarulhos, viraram alvo de empreendedores nos últimos anos.
O que se discute hoje no setor é como adequar as tendências internacionais do varejo às condições brasileiras. Nos Estados Unidos, multiplicam-se nos subúrbios os chamados "street centers", grandes áreas planejadas de comércio de rua. Aqui, privilegia-se a segurança dos shoppings fechados.
O subúrbio rico brasileiro está muito longe do seu similar norte-americano, segundo Zildo Borgonovi, diretor da área de shopping centers da consultoria Gouvêa de Souza & MD. "A renda dos americanos é dez vezes maior do que a dos brasileiros que vivem nos condomínios", diz ele.

Conveniência
Além da renda, também os hábitos de consumo aqui e nos EUA diferem. Os moradores de Alphaville, Tamboré, Aldeia da Serra e Granja Viana têm renda alta, mas uma dispersão de consumo muito grande, ou seja, compram em muitos lugares, pois têm facilidade de locomoção e são bem informados.
Por isso, os empreendimentos nessas regiões têm de ser desenhados na medida não só da renda e da densidade populacional, mas também dos hábitos desse público, segundo Borgonovi.
Na sua opinião, enquanto nos Estados Unidos os subúrbios ricos comportam grandes empreendimentos de varejo, no caso brasileiro eles têm uma tendência ao comércio de conveniência. "As pessoas buscam comodidade nas compras do dia-a-dia. Mas preferem se deslocar para os shoppings da capital quando buscam produtos diferenciados", diz.
Rui Ortiz de Siqueira, da Leasing Mall, que está desenvolvendo o estudo para o shopping da Granja Viana, diz que, "para dar certo, um shopping tem de ter um "mix" de lojas adequado ao perfil do público". No caso da Granja, estudo de vocação da área detectou um público intermediário que mescla as classes A e B/C.
Com 37 mil habitantes e renda média familiar de mais de R$ 5.000 mensais, a região não tem massa crítica para um shopping com lojas de grifes, por exemplo.
No entanto, pode comportar outras lojas, uma academia de ginástica, cinemas, áreas de lazer, fast foods, serviços, tudo dentro do conceito de um shopping tradicional, segundo Siqueira. "Tem de ser um empreendimento que atenda durante a semana e à noite", diz ele. Do contrário, nem deve sair do papel.

Tamboré
Exemplo de projeto que preencheu as diferentes necessidades regionais é o shopping Tamboré. Quando foi construído, há 15 anos, pesquisas de mercado apontavam a tendência a forte desenvolvimento devido à multiplicação dos condomínios em Alphaville.
Mas hoje, 35% dos freqüentadores são pessoas que trabalham na região e vão ao shopping no horário do almoço. "Por ter um ISS [Imposto Sobre Serviços] baixo, a região atraiu muitas empresas nos últimos anos", diz Consuelo Gradin, superintendente do Tamboré. Os moradores dos condomínios representam 22% do fluxo de pessoas; os municípios vizinhos, em torno de 35%.
O Tamboré deve mudar de perfil nos próximos cinco anos. "Os moradores devem chegar a 40% do movimento, pois a região está crescendo e verticalizando, o que vai representar adensamento da população", diz Gradin.
Também o número de pessoas que trabalham em Alphaville deve crescer com a construção de uma torre de 24 andares para escritórios, dentro do terreno do shopping. (SB)


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