São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
EUA deveriam ter lançado pacote antes, diz Lula
DANIEL BERGAMASCO DE NOVA YORK O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em Nova York que a crise econômica americana é "mais grave do que parecia seis meses atrás" e que é preciso "cuidar com carinho para que as coisas no Brasil não dêem uma guinada para trás". Para Lula, o pacote de quase US$ 1 trilhão do governo dos EUA para socorrer bancos poderia ter sido lançado há mais tempo. "Eu penso que o governo americano tomou as medidas adequadas na última sexta-feira quando colocou US$ 700 bilhões para comprar títulos podres dessas empresas. Se isso tivesse sido feito antes, possivelmente a crise não tivesse ganhado a direção que ganhou", disse, após lançamento de campanha promocional do turismo brasileiro, em Nova York, onde participa da 63ª Assembléia Geral da ONU. "Todos nós precisamos torcer é para que a crise americana seja a menor possível porque, se ela for muito grande, pelo peso da economia [americana] no mundo, ela vai gerar recessão em todos os países. No caso do Brasil, nós temos menos problemas por causa da diversificação das nossas exportações e importações." Lula diz que, apesar de manter diálogos diários sobre a crise com o ministro Guido Mantega (Fazenda) e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o temor não se traduzirá em ações na economia brasileira, por enquanto. "[O Brasil] não pode tomar nenhuma medida precipitada." À noite, em evento no Conselho das Américas, o presidente disse: "Nunca estudei tanto as crises do Brasil quanto eu estudo a crise americana. Estou quase construindo um muro para não deixar ela ultrapassar o Atlântico", disse o presidente, que na ocasião disse que o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, está virando um "xeque", devido à abundância de petróleo no país. Em seu discurso hoje na Assembléia da ONU, o presidente defenderá medidas multilaterais para crises de alimentos, de ambiente, de energia e também para a crise do mercado financeiro. Ao falar sobre problemas de imigração, citará a Diretiva de Retorno, aprovada em junho na União Européia, que impõe punições mais duras a imigrantes ilegais. Dirá que, ao estimular o desenvolvimento de países pobres, os ricos desestimulam a imigração ilegal. A respeito da crise econômica, Lula dirá que é preciso que os governos não deixem as soluções apenas nas mãos das instituições privadas. "É preciso que agora os bancos centrais comecem a tomar medidas para regular e controlar o sistema financeiro internacional, para que a especulação e a jogatina não sejam a prioridade de determinados setores." Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Dólar sofre queda de 2% e fecha a R$ 1,79 Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |