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Bolsa chama corretoras para discutir risco
Reunião aconteceu após o fundo GWI FIA ter tido problema para cumprir pagamento de garantias na Bolsa paulista
Fundos e corretoras tomaram prejuízo duplo ao apostar na queda da Bolsa e na recuperação do preço de ações de empresas médias
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
A BM&FBovespa chamou algumas entidades do mercado
para discutir o risco crescente
assumido por alguns fundos de
investimento e por corretoras
independentes, não ligadas a
grandes bancos, em meio à forte volatilidade na última semana. Vários desses fundos e corretoras estavam fazendo posições muito alavancadas, seja
com dinheiro emprestado, seja
com a possibilidade de que
eventuais perdas pudessem superar seu patrimônio.
A estratégia desses investidores contrastava com a opção
conservadora da maioria dos
gestores dos fundos de hedge
brasileiros -os multimercados-, que desde agosto priorizam o investimento em títulos
pós-fixados e adotaram estratégias para travar perdas.
A reunião aconteceu na quinta-feira, após as perdas de fundos como o GWI FIA, entre outros, que chegou a levar um
tombo de mais de 30% em sua
cota na véspera. Até a sexta-feira, o fundo tinha perdas acumuladas de 41,18% no mês e de
50,12% no ano.
Esses fundos e suas corretoras teriam tomado prejuízos
por conta de duas apostas corriqueiras nos últimos meses,
mas que na semana passada se
mostraram equivocadas.
Uma das apostas era que as
ações de pequenas e médias
empresas tinham atingido um
preço tão baixo que poderiam
ter alguma recuperação nos
próximos dias. Por outro lado,
como havia uma grande chance
dessa hipótese de recuperação
não se comprovar, esses mesmos fundos também apostavam na queda da Bolsa.
Por essa estratégia, o equilíbrio entre os dois cenários -recuperação ou aprofundamento
da crise- possibilitaria algum
ganho, mas limitaria perdas potenciais desses fundos.
Só que a recuperação do mercado na quinta, com a perspectiva de resgate do governo dos
EUA aos títulos podres, teve
um efeito surpresa: elevou o
Ibovespa, rapidamente, mas
não recuperou o valor das ações
das empresas médias e pequenas.
O resultado foi o pior cenário
para esses fundos: perderam
tanto na aposta de alta das
ações quanto na possibilidade
de queda da Bolsa -por isso, as
perdas ficaram acima do mercado. Gerido pela GWI Asset,
uma gestora independente
com sócios sul-coreanos, o fundo GWI FIA teria tido problemas até para depositar margens de garantia que evitam
perdas maiores e para emprestar dinheiro de bancos para liquidar suas posições na Bolsa.
Para solucionar o problema,
o fundo teve de vender um
grande lote de ações da Usiminas, entre outros papéis, que tinha em carteira. O problema foi
solucionado na sexta, quando o
fundo registrou um ganho de
47,34% -o Ibovespa subiu
9,57% no mesmo dia.
O fundo tem capital de R$
160,09 milhões e só admite investidores qualificados, com
capital mínimo de R$ 250 mil e
que estejam dispostos a esperar
por um período de dois anos
para fazer saques.
Procurados pela Folha, a
BMF Bovespa afirmou que não
comenta assuntos ligados à liquidação de contratos. A GWI
Asset e o Mellon BNY, administrador do fundo GWI, preferiram não se manifestar sobre
o problema na Bolsa.
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