São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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Sem fundos, mercado vai espelhar mais dados de produção e consumo de grãos

DA REDAÇÃO

O lado bom da crise financeira é que ela deve retirar alguns dos fatores "irreais" de elevação de preços, o que dava "uma gordura" às commodities. Entre esses fatores, estavam dólar fraco e presença dos fundos no mercado, que engordavam os preços das commodities.
A crise obrigou os fundos a deixar o mercado de commodities para cobrir contas em outros setores. Além disso, o dólar vem interrompendo longa trajetória de queda, o que torna as commodities mais caras.
Se essa tendência se confirmar -saída dos fundos e recuperação externa do dólar-, os preços das commodities vão caminhar para os chamados "fundamentos de mercado (safra, demanda e estoques)". "Tudo que ajudava a dar gordura extra aos preços não estará mais no mercado", diz André Pessoa, da Agroconsult.
Mesmo após essa depuração, os preços das commodities vão continuar em bom patamar. "Quando tudo acalmar, vamos olhar para os fundamentos e os preços da soja e do milho vão ficar firmes", diz Pessoa. Ele prevê soja em US$ 13 por bushel (27,2 quilos) no próximo ano.
Preços e câmbio mais favorável podem dar uma condição mais positiva para os produtores. "Positiva, mas com risco", devido à falta de crédito, diz ele.
Leonardo Sologuren acredita que os fundamentos de mercado voltam a regular o mercado a partir do próximo ano, mas "até lá o produtor precisa plantar". Sem crédito, o plantio deve ser com uso menor de insumos, o que resultará em produtividade menor. "Não sei se vamos ter safra recorde", diz.
As commodities vão continuar com bons patamares de preços em 2009, mas isso não será suficiente para elevar os preços das terras no Brasil.
"Quem tem terra terá capital escasso. Se o crédito ficar ainda mais dramático, deve forçar a venda desse bem", diz Pessoa, que não crê em alta de preços.


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