|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRABALHO
Para o ministro, alta da Selic teria o efeito de reduzir o otimismo em relação à criação de vagas no próximo ano
Juro alto pode afetar emprego, diz Berzoini
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Ricardo Berzoini
(Trabalho) disse que a alta na taxa
de juros poderá afetar as perspectivas de criação de empregos no
ano que vem, "reduzindo o otimismo" do governo. Na quarta-feira o Banco Central elevou os juros em 0,5 ponto percentual, para
16,75% ao ano.
Berzoini não criticou diretamente a decisão do Copom (Comitê de Política Monetária, órgão
do BC que decide a taxa de juros),
mas lembrou que os responsáveis
por definir a taxa devem levar em
consideração o crescimento econômico, além da preocupação em
controlar a inflação.
"O crescimento da taxa de juros
não é bom para nenhum setor da
economia", disse o ministro. "O
grande desafio é conciliar o crescimento econômico com o controle da inflação. Quem decide a
política econômica do país deve
estar preocupado com as duas
coisas", afirmou.
Ele falou sobre a alta dos juros
ao divulgar os números oficiais
sobre o aumento de empregos
com carteira assinada em setembro. Quando fazia previsões sobre
o número total de empregos a serem criados neste ano, Berzoini
foi questionado se a alta dos juros
não afetaria essas perspectivas.
Ele explicou que, para este ano
não, mas que teria efeito de "redução do otimismo" em relação à
criação de empregos em 2005.
A alta dos juros na quarta-feira
surpreendeu o mercado, que esperava aumento menor, de 0,25
ponto, como o de agosto. A disparada da cotação do petróleo no
mercado internacional e o pessimismo dos analistas do setor privado em relação ao cumprimento
das metas de inflação são os principais fatores no cenário que levaram o BC a aumentar os juros.
A decisão de aumentar os juros
causou divergências entre as
equipes do BC e da Fazenda. Na
quinta-feira, o ministro-chefe da
Casa Civil, José Dirceu, reclamou
da alta em conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Aumento do emprego
Berzoini divulgou os dados do
Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do Ministério do Trabalho, com números relativos a setembro.
A pesquisa inclui apenas os empregos formais -com carteira
assinada. Em setembro, foram
criados 199.742 empregos formais
(saldo de admissões menos demissões), um crescimento de
0,81% em relação ao mesmo período do ano passado.
No acumulado do ano até setembro foi criado 1,7 milhão de
empregos. O setor industrial continua sendo o principal responsável pela criação de novas vagas.
De acordo com o ministro, está
havendo recuperação do emprego também nas regiões metropolitanas -até então, as cidades
médias do interior vinham liderando a retomada.
Berzoini disse ser possível terminar o ano com a criação de 1,8
milhão de empregos com carteira
assinada. Além disso, previu ele,
2004 terminará com taxa de desemprego de um dígito, ou seja,
abaixo de 10%.
Petróleo prejudica
Berzoini entende que a alta do
petróleo é de fato uma ameaça. "A
questão do petróleo é decisiva."
A alta do preço do barril do petróleo afeta o preço dos combustíveis e de diversas matérias-primas
para a indústria, pressionando os
custos de produção e elevando a
inflação. Por causa da alta, a Petrobras aumentou o preço da gasolina em 4% e o diesel em 6% na
quinta-feira da semana passada.
Texto Anterior: Trabalho: Para analista, recuperação do emprego dá força ao BC Próximo Texto: Frase Índice
|