São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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MP facilita compra da Nossa Caixa pelo BB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A MP 443, que libera o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para irem às compras em tempos de crise financeira, já tem pelo menos um alvo definido: a aquisição da Nossa Caixa -controlada pelo governo de São Paulo- pelo BB. Segundo o vice-presidente de finanças da instituição federal, Aldo Luiz Mendes, agora é apenas "uma questão de preço".
As negociações, que estavam empacadas por falta de acordo entre o governo federal e o de São Paulo sobre o valor do banco, ficaram ainda mais distantes de um desfecho com a crise financeira atual.
Isso porque, segundo afirmou Mendes, o pagamento seria feito em ações do BB, seguindo o modelo de incorporação adotado recentemente na compra do Besc (Banco do Estado de Santa Catarina). As ações do BB estão despencando com a crise que assola a Bolsa de Valores. Somente ontem, a queda foi de quase 10%.
A troca de ações com a Nossa Caixa exigiria uma complexa e cara operação financeira para garantir ao governo de São Paulo que ele teria tempo para vender bem essas ações e fazer caixa, o objetivo principal do governador José Serra (PSDB) com a venda do banco.
O BB não queria que o governo paulista ofertasse de uma única vez no mercado as ações recebidas porque isso reduziria ainda mais o preço, prejudicando os demais acionistas.
Com a autorização legal para fazer aquisições de outros bancos, o BB poderá pagar ao governo paulista em dinheiro, fazendo uma aquisição direta em vez de uma incorporação. Além disso, o banco federal também poderá usar os créditos tributários da Nossa Caixa originados em função de prejuízos no passado. No caso da incorporação, isso não seria possível.
"A MP reduziu em 50% os desafios para o BB comprar a Nossa Caixa", afirmou Mendes.
No caso do BRB (Banco de Brasília), outro na mira do BB, ainda é preciso terminar a avaliação financeira. "A MP traz grandes vantagens imediatas ao BB", disse Mendes, referindo-se à compra da Nossa Caixa. O executivo insistiu em que a interpretação do mercado, que fez as ações do banco despencarem quase 10% ontem, estava errada.
"Num momento de liquidez apertada, quem tem dinheiro na mão dá as cartas do jogo", afirmou para justificar que, com a MP, o BB poderá participar ativamente de uma onda de fusões que venha a ocorrer no mercado financeiro nacional.
"Se não houvesse a MP, o BB e a Caixa estariam assistindo tudo num pólo passivo. Isso seria ruim para os dois", afirmou.
"A medida traz o que o BB vem lutando há mais de uma década: a possibilidade de fazer aquisições".
Para Mendes, uma nova rodada de fusões e aquisições no sistema bancário brasileiro é uma possibilidade que poderá acontecer depois da venda de carteiras, que já estava sendo esperada.
"A venda de carteiras iria acontecer de qualquer forma porque em 2009 entram em vigor novas regras [internacionais] que exigem mais capital dos bancos para fazer frente às suas operações. Os bancos pequenos teriam que se capitalizar ou vender carteiras. A crise só antecipou isso."

Em São Paulo
O governo paulista avalia que a autorização de venda de instituições financeiras sem prévia licitação facilitará a compra do banco estadual Nossa Caixa pelo Banco do Brasil até o fim deste ano.


Colaborou CATIA SEABRA, da Reportagem Local

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