São Paulo, sexta-feira, 23 de outubro de 2009

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Brasil cria barreira a produtos argentinos

Importações do país poderão levar até 60 dias a mais agora; medida é resposta a obstáculos a brasileiros

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para tentar forçar uma mudança de posição do governo argentino, que tem imposto restrições à importação de produtos do Brasil, o governo resolveu dar o troco na mesma moeda. Desde o início deste mês, vários itens produzidos na Argentina não têm autorização automática para importação.
A liberação dessas compras por empresas instaladas no país, agora, depende de uma avaliação prévia do governo brasileiro, que pode levar até 60 dias. A medida inclui itens como farinha de trigo, pré-mistura, uva passa, azeitona, azeite de oliva, vinho, doces e geleias. Ontem, foram adicionados à lista peixes e pneus.
No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), responsável pela retaliação ao principal parceiro comercial do Mercosul, a ordem é de silêncio total sobre a decisão, adotada sem alarde.
"Já estava na hora de o Brasil tomar alguma medida sobre essa situação. Mas o ministério poderia ter se pronunciado", diz o vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José de Castro.
"Não tem ato nem lista total. Os importadores brasileiros ficam sabendo à medida que aparece a exigência no registro do produto, no Siscomex [o sistema onde são registradas operações de exportação e importação]", diz Gustavo Segre, diretor da Center Group, consultoria de comércio internacional.
Segundo a Folha apurou, o governo brasileiro cansou de esperar respostas diplomáticas a uma questão que prejudica a venda de produtos nacionais para a Argentina há quase um ano. O governo argentino já vinha exigindo licença prévia das importações do Brasil e ultrapassando o prazo máximo de 60 dias para liberação.
Esse foi um dos motivos da queda no total de produtos comercializado entre os dois países. Segundo dados do MDIC, as importações brasileiras da argentina registraram uma média mensal de US$ 1 bilhão em 2008. No início deste ano, caíram a US$ 600 milhões.
No início do ano, o governo brasileiro já tinha tentado adotar restrições sutis, como a licença prévia para as importações de todos os países, sob o argumento de que queria conhecer melhor a pauta comercial do país -após críticas, a medida foi revogada. Na época, a exigência de licença prévia incluiu todos os parceiros comerciais. Desta vez a medida é endereçada só à Argentina.


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