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Brasil cria barreira a produtos argentinos
Importações do país poderão levar até 60 dias a mais agora; medida é resposta a obstáculos a brasileiros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Para tentar forçar uma mudança de posição do governo
argentino, que tem imposto
restrições à importação de produtos do Brasil, o governo resolveu dar o troco na mesma
moeda. Desde o início deste
mês, vários itens produzidos na
Argentina não têm autorização
automática para importação.
A liberação dessas compras
por empresas instaladas no
país, agora, depende de uma
avaliação prévia do governo
brasileiro, que pode levar até
60 dias. A medida inclui itens
como farinha de trigo, pré-mistura, uva passa, azeitona, azeite
de oliva, vinho, doces e geleias.
Ontem, foram adicionados à
lista peixes e pneus.
No Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
(MDIC), responsável pela retaliação ao principal parceiro comercial do Mercosul, a ordem é
de silêncio total sobre a decisão, adotada sem alarde.
"Já estava na hora de o Brasil
tomar alguma medida sobre essa situação. Mas o ministério
poderia ter se pronunciado",
diz o vice-presidente da AEB
(Associação de Comércio Exterior do Brasil), José de Castro.
"Não tem ato nem lista total.
Os importadores brasileiros ficam sabendo à medida que aparece a exigência no registro do
produto, no Siscomex [o sistema onde são registradas operações de exportação e importação]", diz Gustavo Segre, diretor da Center Group, consultoria de comércio internacional.
Segundo a Folha apurou, o
governo brasileiro cansou de
esperar respostas diplomáticas
a uma questão que prejudica a
venda de produtos nacionais
para a Argentina há quase um
ano. O governo argentino já vinha exigindo licença prévia das
importações do Brasil e ultrapassando o prazo máximo de
60 dias para liberação.
Esse foi um dos motivos da
queda no total de produtos comercializado entre os dois países. Segundo dados do MDIC,
as importações brasileiras da
argentina registraram uma
média mensal de US$ 1 bilhão
em 2008. No início deste ano,
caíram a US$ 600 milhões.
No início do ano, o governo
brasileiro já tinha tentado adotar restrições sutis, como a licença prévia para as importações de todos os países, sob o
argumento de que queria conhecer melhor a pauta comercial do país -após críticas, a
medida foi revogada. Na época,
a exigência de licença prévia
incluiu todos os parceiros comerciais. Desta vez a medida é
endereçada só à Argentina.
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