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Desemprego recua, mas a qualidade do trabalho piora
IBGE apura que taxa volta ao patamar anterior ao agravamento da crise global
Instituto aponta avanço da informalidade, desemprego industrial e geração de menos vagas ao longo de 2009; taxa geral é de 7,7%
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A taxa de desemprego das
seis principais regiões metropolitanas do país cedeu de 8,1%
em agosto para 7,7% em setembro e voltou ao patamar pré-crise. Repetiu a marca de setembro de 2008 e foi a menor
desde dezembro daquele ano
(6,8%), quando estourou a crise
financeira global.
O resultado não significa, porém, que o mercado de trabalho
tenha se recuperado totalmente do impacto da crise: neste
ano, a geração de vagas ainda
está mais fraca do que em 2008
e a informalidade se mostra
crescente, segundo o IBGE.
Além disso, o emprego na indústria ainda reflete os efeitos
da freada da economia especialmente na Grande São Paulo
-onde o total de pessoas empregadas no setor caiu 3,8% (73
mil pessoas).
Para o IBGE e especialistas, a
redução recente da taxa de desemprego isoladamente não retrata a situação do mercado de
trabalho, ainda enfraquecido.
No acumulado de janeiro a setembro, a taxa ficou em 8,4%,
acima dos 8,1% de igual período
do ano passado.
Cimar Azeredo Pereira, gerente da Pesquisa Mensal de
Emprego do IBGE, disse que a
taxa de desemprego caiu em
boa parte por causa da menor
procura por trabalho. O mercado evoluiu nos últimos meses,
mas ainda está "pior" do que
um ano atrás, afirmou.
"A queda da taxa de desemprego no segundo semestre é
sazonal. Não vejo isso como
uma recuperação. Neste ano,
têm sido criados menos empregos do que em 2008", disse.
Para ele, os dados de setembro emitem três sinais preocupantes: o avanço de informalidade, a desaceleração da geração de postos de trabalho e o
desemprego na indústria.
Em setembro, a ocupação subiu apenas 0,4% -76 mil vagas.
Já o contingente de trabalhadores formais caiu para 54,9%
do total de ocupados, menor
marca do ano.
Segundo Fábio Romão, economista da LCA, o mercado de
trabalho ficou "parado" em setembro. O aumento modesto
do número de ocupados, disse,
não tem sido suficiente neste
ano nem sequer para a suprir o
crescimento vegetativo da população. Ou seja, não há vagas
suficientes para quem procura
o primeiro emprego.
Ele disse, porém, que há uma
retomada em curso e uma melhora em relação ao pico da crise. "Os dados não são tão bons
como a redução da taxa de desemprego sugere, mas há uma
recuperação. E os resultados
devem melhorar com o aquecimento da economia previsto
para o final do ano."
Para Carlos Henrique Corseuil, do Ipea, o conjunto de dados da pesquisa mostra que o
mercado de trabalho não voltou ao giro pré-crise, mas mostra um desempenho bem mais
favorável do que muitos países
afetados pela crise.
Fernanda Feil, economista
da Rosenberg Associados, disse
que até setembro de 2008 o
mundo "crescia de modo desenfreado e havia uma onda de
otimismo no país". Tudo mudou e o emprego no Brasil foi
afetado, embora em escala menor. O importante, disse, é que
há sinais de reação nos próximos meses, apesar da menor
geração de postos de trabalho.
Pelo mundo
Mais afetadas pela crise, as
economias europeia, japonesa
e norte-americana viram a taxa
de desemprego subir com força
após setembro de 2008 e se
manter num patamar elevado
nos últimos meses.
Nos EUA, ela ainda sobe e
atingiu 9,7% em agosto -estava em 6,6% em setembro de
2008. Na Alemanha, o mercado
de trabalho se ressentiu menos
do baque e a deterioração foi
mais branda -a taxa passou de
7,1% em setembro de 2008 para
7,7% no mês passado.
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