São Paulo, sexta-feira, 23 de novembro de 2007

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Ano eleitoral teve recorde de empregos

Levantamento do governo aponta criação de 1,9 milhão de vagas formais em 2006 e alta de 12% na massa salarial

Mas boa parte do avanço do emprego ocorreu nas faixas salariais mais baixas; alta do valor do salário mínimo turbinou a renda média

JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No ano da reeleição do presidente Lula, o Brasil bateu recorde na geração de empregos formais e criou 1,917 milhão de postos de trabalho. A expansão inédita do mercado, combinada à política de aumento real do salário mínimo, turbinou a massa salarial dos trabalhadores com carteira assinada, que apresentou crescimento de 11,97% em 2006 na comparação com o ano anterior.
O avanço do emprego formal, no entanto, ficou restrito a postos com salários mais baixos. Para trabalhadores com renda até dois salários mínimos, foram criados 2,3 milhões de vagas. Nas faixas de renda superior, o mercado encolheu e foram fechados 553 mil postos.
Os dados fazem parte da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), uma espécie de censo do mercado de trabalho formal divulgado anualmente pelo Ministério do Trabalho desde 1985. Entram na contagem todos os empregados celetistas, funcionários públicos, além de empregados avulsos, temporários e contratados por prazo determinado.

Formalidade
A Rais de 2006 traz informações declaradas por 6,717 milhões de estabelecimentos do país. O censo mostra que o estoque de empregos formais chegou a 35,2 milhões no ano passado. Segundo o Ministério do Trabalho, isso significa que a mão-de-obra formal já representa 40% da população ocupada. Em 2005, o emprego formal correspondia a 38% do total de trabalhadores em atividade.
"Isso mostra que muitas empresas estão formalizando empregos. A formalidade está crescendo para cima da informalidade", afirmou o ministro Carlos Lupi (Trabalho).
Essa avaliação reforça a tese de que o avanço do emprego formal resulta, em grande parte, da formalização de vagas já existentes.
Para Anselmo Santos, pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Unicamp, vários estudos recentes mostram que a fiscalização do ministério tem tido importante efeito sobre o aumento da formalização. "Isso contribui de forma significativa para o aumento do emprego formal", disse ele.
O saldo de empregos verificado em 2006 ficou 5,77% acima do resultado do ano anterior, sendo a melhor marca da série histórica da Rais. O número também supera outro levantamento oficial sobre o mercado de trabalho formal, mas, nesse caso, por reunir dados mais abrangentes. No Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do ano passado, foi apontada a criação de 1,228 milhão de empregos formais.
Animado com o resultado da Rais de 2006, Lupi estima que o emprego formal neste ano alcance novo recorde: 2,2 milhões de postos. "O mais importante é que o crescimento do emprego é consistente e ocorre em todas as regiões", declarou. Até a divulgação dos dados do ano passado, 2004 era considerado pelo governo o ano de ouro do emprego formal.
O censo informa que em 2006 os trabalhadores formais obtiveram uma renda de R$ 43,5 bilhões, o que representa um aumento de 11,97% na comparação com o montante apurado em 2005, já descontada a inflação.
A explicação para esse crescimento é a própria expansão do emprego somada ao aumento real dos salários médios, que foi de 5,86%.
Em 2005, o brasileiro contratado formalmente ganhava em média R$ 1.167,81. No ano passado, esse valor passou para R$ 1.236,19. "Isso é um efeito do aumento real do salário mínimo, que tem uma força muito grande em toda a economia", afirmou Lupi.
Santos, da Unicamp, diz que o aumento da massa salarial apontado pela Rais não é surpresa. "A estrutura de salários no Brasil é de baixos rendimentos, com peso grande do salário mínimo, que tem passado por um processo de recuperação do poder de compra", afirma.


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