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Ano eleitoral teve recorde de empregos
Levantamento do governo aponta criação de 1,9 milhão de vagas formais em 2006 e alta de 12% na massa salarial
Mas boa parte do avanço do emprego ocorreu nas faixas salariais mais baixas; alta
do valor do salário mínimo turbinou a renda média
JULIANNA SOFIA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No ano da reeleição do presidente Lula, o Brasil bateu recorde na geração de empregos
formais e criou 1,917 milhão de
postos de trabalho. A expansão
inédita do mercado, combinada
à política de aumento real do
salário mínimo, turbinou a
massa salarial dos trabalhadores com carteira assinada, que
apresentou crescimento de
11,97% em 2006 na comparação com o ano anterior.
O avanço do emprego formal,
no entanto, ficou restrito a postos com salários mais baixos.
Para trabalhadores com renda
até dois salários mínimos, foram criados 2,3 milhões de vagas. Nas faixas de renda superior, o mercado encolheu e foram fechados 553 mil postos.
Os dados fazem parte da Rais
(Relação Anual de Informações
Sociais), uma espécie de censo
do mercado de trabalho formal
divulgado anualmente pelo Ministério do Trabalho desde
1985. Entram na contagem todos os empregados celetistas,
funcionários públicos, além de
empregados avulsos, temporários e contratados por prazo determinado.
Formalidade
A Rais de 2006 traz informações declaradas por 6,717 milhões de estabelecimentos do
país. O censo mostra que o estoque de empregos formais
chegou a 35,2 milhões no ano
passado. Segundo o Ministério
do Trabalho, isso significa que a
mão-de-obra formal já representa 40% da população ocupada. Em 2005, o emprego formal
correspondia a 38% do total de
trabalhadores em atividade.
"Isso mostra que muitas empresas estão formalizando empregos. A formalidade está
crescendo para cima da informalidade", afirmou o ministro
Carlos Lupi (Trabalho).
Essa avaliação reforça a tese
de que o avanço do emprego
formal resulta, em grande parte, da formalização de vagas já
existentes.
Para Anselmo Santos, pesquisador do Centro de Estudos
Sindicais e Economia do Trabalho da Unicamp, vários estudos recentes mostram que a fiscalização do ministério tem tido importante efeito sobre o
aumento da formalização. "Isso
contribui de forma significativa
para o aumento do emprego
formal", disse ele.
O saldo de empregos verificado em 2006 ficou 5,77% acima
do resultado do ano anterior,
sendo a melhor marca da série
histórica da Rais. O número
também supera outro levantamento oficial sobre o mercado
de trabalho formal, mas, nesse
caso, por reunir dados mais
abrangentes. No Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do ano passado,
foi apontada a criação de 1,228
milhão de empregos formais.
Animado com o resultado da
Rais de 2006, Lupi estima que o
emprego formal neste ano alcance novo recorde: 2,2 milhões de postos. "O mais importante é que o crescimento do
emprego é consistente e ocorre
em todas as regiões", declarou.
Até a divulgação dos dados do
ano passado, 2004 era considerado pelo governo o ano de ouro do emprego formal.
O censo informa que em
2006 os trabalhadores formais
obtiveram uma renda de R$
43,5 bilhões, o que representa
um aumento de 11,97% na comparação com o montante apurado em 2005, já descontada a
inflação.
A explicação para esse crescimento é a própria expansão do
emprego somada ao aumento
real dos salários médios, que foi
de 5,86%.
Em 2005, o brasileiro contratado formalmente ganhava em
média R$ 1.167,81. No ano passado, esse valor passou para R$
1.236,19. "Isso é um efeito do
aumento real do salário mínimo, que tem uma força muito
grande em toda a economia",
afirmou Lupi.
Santos, da Unicamp, diz que
o aumento da massa salarial
apontado pela Rais não é surpresa. "A estrutura de salários
no Brasil é de baixos rendimentos, com peso grande do salário
mínimo, que tem passado por
um processo de recuperação do
poder de compra", afirma.
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