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Teles terão de aumentar velocidade do 3G
Anatel vai equiparar internet móvel à fixa e exigir metas de qualidade; consumidores reclamam de não receber a conexão contratada
Novas regras devem ser
definidas ainda neste ano;
metas não serão rígidas
no início, pois agência
reconhece barreiras técnicas
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
O crescimento explosivo da
internet móvel, a banda larga
em 3G (terceira geração), está
obrigando a Anatel (Agência
Nacional de Telecomunicações) a tomar medidas para enquadrar as operadoras, que hoje não entregam aos consumidores a velocidade contratada.
Atualmente, a agência não
tem como exigir, das teles móveis, metas de qualidade da internet 3G porque não existe um
regulamento específico para
esse serviço. Apenas a internet
pela rede fixa é fiscalizada.
Isso não significa que a Anatel não monitore a internet móvel. Cada vez mais os consumidores reclamam que estão sendo lesados porque só conseguem navegar com menos de
10% da velocidade contratada.
Não existe ainda um levantamento consolidado sobre o total de reclamações, mas a Pro
Teste (Associação Brasileira de
Defesa do Consumidor) levou o
caso ao MPF (Ministério Público Federal) de São Paulo, que o
está investigando. Em janeiro,
ocorrerá a primeira audiência
pública.
"Entendo que existem dificuldades técnicas para as operadoras, mas não há diferença
entre comprar um quilo de carne e 1 Mbps de banda larga",
afirma o procurador Márcio
Schusterschitz.
"Além disso, a legislação determina que a prestação de um
serviço não deve ficar sob o arbítrio do fornecedor."
Consumidor exposto
Em ofício enviado ao MPF, a
Anatel concorda que o consumidor não pode ficar exposto e
prepara um novo regulamento
que vai equiparar a banda larga
móvel à fixa. Com isso, a internet via celular também passará
a ter de cumprir metas de qualidade. O texto deverá ser submetido ao Conselho Diretor da
agência dentro de três semanas
e deve ir a consulta pública ainda neste ano.
A Folha apurou que, apesar
disso, as metas não serão rígidas numa primeira fase. Isso
porque a Anatel reconhece que
existem barreiras técnicas impeditivas à garantia da velocidade máxima e que, para isso,
as operadoras teriam de investir mais, principalmente em redes de transmissão, em um
momento em que nem sequer
concluíram a fase de cobertura
nacional. Hoje, só 11,3% dos
municípios do país têm 3G.
"Esse é o principal dilema da
agência. Tanto as empresas como a Anatel foram surpreendidas pela demanda excessiva. Os
investimentos foram planejados e escalonados para durar
até 2013, ano em que as teles
terão construído antenas que
operam os sinais de 3G em todo o país.
Solução intermediária
A Folha apurou que, contudo, os conselheiros deverão
apresentar uma solução intermediária, estabelecendo um limite de variação da velocidade
entregue que não seja a mínima (de 10%) nem o teto, já prevendo as dificuldades técnicas.
Isso até que os investimentos
na ampliação da cobertura sejam concluídos, em 2013.
Ao mesmo tempo, as operadoras terão de acelerar seus investimentos, principalmente
na rede de transmissão de dados (de suas antenas até a central da operadora), para evitar
concentração de tráfego, que
compromete a velocidade de
navegação dos clientes.
De acordo com a Cisco, até
2013, as redes estarão transmitindo 25,8 Terabytes mensalmente, o que é comparável à
transmissão de 6.500 DVDs
por mês, um tráfego 52 vezes
superior ao atual. "É a maior
taxa de crescimento no mundo", afirma Usha Andra, gerente de inteligência de mercado
da Cisco.
O IDC (International Data
Corporation) estima que o número de conexões móveis ultrapassará o de fixas em 2014.
Outra consultoria, a Teleco,
prevê que o total de clientes 3G
chegará ao patamar de 60 milhões até 2014.
Atualmente, eles são 7,9 milhões (3,7 milhões via celular,
4,2 milhões por modem), um
aumento de 6,4 milhões de
clientes em apenas um ano, já
considerando as restrições de
velocidade e o preço elevado
dos dispositivos de acesso e pacotes -que, segundo os analistas, são as maiores barreiras
para a massificação do 3G.
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